Arquitetura Surrealista e Sustentabilidade: Unindo Criatividade e Responsabilidade Ambiental

A arquitetura surrealista, caracterizada por formas inusitadas, distorções e elementos que desafiam a lógica convencional, tem ganhado destaque no cenário contemporâneo. Além de proporcionar experiências estéticas únicas, essa abordagem pode ser harmoniosamente integrada com princípios de sustentabilidade, resultando em edificações que são ao mesmo tempo inovadoras e ecologicamente responsáveis.

O renascimento do surrealismo no design

Durante a mais recente edição da feira Maison & Objet, em Paris, o conceito de “Sur/Reality” ganhou destaque, explorando a irracionalidade por meio da fantasia e da aleatoriedade. Esse neo-surrealismo resgata a surpresa e a espontaneidade como elementos essenciais para um design que estimula não apenas a visão, mas também a emoção e o bem-estar. Afinal, viver em ambientes que despertam o imaginário pode ser uma maneira de aliviar o peso da rotina e tornar o cotidiano mais inspirador.

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Criadores que transformam espaços

Criadores como Faye Toogood e Lara Bohinc materializam essa tendência em móveis e objetos que parecem ter saído de um sonho. Suas formas inusitadas e escultóricas rompem com a lógica industrial e proporcionam uma experiência sensorial rica, convidando ao toque, à contemplação e à interação. A fluidez das linhas, a mistura de materiais inesperados e a reinterpretação de elementos do cotidiano promovem um bem-estar que vai além da funcionalidade: eles ressignificam nossa relação com o espaço e os objetos.

Arquitetura surrealista: espaços que estimulam os sentidos

No campo dos ambientes, arquitetos como Carmelo Zappulla, do estúdio External Reference, criam espaços imersivos e emocionantes, onde o surrealismo é ferramenta para estimular os sentidos. A tecnologia se une à arte e à biologia para dar forma à interiores que surpreendem e envolvem, promovendo um estado de bem-estar através do encantamento e da curiosidade.

 

Tecnologia e design surrealista

O surrealismo no design também dialoga com a tecnologia e a inteligência artificial. Muitos criadores utilizam algoritmos e programas de geração automática para conceber formas inesperadas e inusitadas. O resultado são objetos que transcendem a lógica tradicional e expandem os horizontes da criatividade. Esse cruzamento entre o digital e o artesanal reforça a capacidade do design surrealista de provocar surpresa e transformar espaços convencionais em experiências sensoriais inovadoras.

Humor e leveza no design

Até mesmo o humor tem um papel fundamental nesse conceito. Peças como os taburetes Nigiri, inspirados em sushis, ou a consola Weaver, com franjas de náilon que remetem ao icônico personagem Cousin Itt, demonstram como o lúdico e o inesperado podem gerar leveza e descontração no dia a dia. O design surrealista muitas vezes desafia a gravidade e a funcionalidade tradicional, resultando em peças que mais parecem obras de arte e que despertam emoções variadas nos usuários.

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Natureza e ilusão no design surrealista

Outra influência importante do surrealismo no design é a reinterpretação de elementos da natureza. Materiais como pedra, metal e madeira são manipulados de forma a parecerem maleáveis, criando uma ilusão de fluidez. Esse jogo de percepção reforça a ideia de que os espaços e objetos podem ser mais do que sua função original, tornando-se elementos que enriquecem nosso dia a dia de maneira sensorial e emocional.

Tecnologia e Sustentabilidade em Harmonia

A incorporação de tecnologias avançadas é uma característica marcante na arquitetura surrealista sustentável. O “Kunsthaus Graz”, na Áustria, exemplifica essa integração ao apresentar uma fachada inovadora composta por painéis de vidro acrílico semitransparente, que abrigam células fotovoltaicas para a geração de energia limpa. Além de seu design arrojado e formas orgânicas que remetem ao surrealismo, o edifício destaca-se pelo baixo impacto ambiental e eficiência energética.

 

A Influência do Solarpunk na Arquitetura Surrealista

O movimento “Solarpunk” propõe visões otimistas de um futuro onde a humanidade convive em harmonia com a natureza, utilizando tecnologias sustentáveis. Essa filosofia inspira projetos arquitetônicos que combinam estética surrealista com práticas ecológicas, resultando em construções que são ao mesmo tempo visualmente impactantes e ambientalmente responsáveis. A fusão de elementos naturais com design futurista cria espaços que estimulam a imaginação e promovem a sustentabilidade.

Conclusão

A convergência entre a arquitetura surrealista e a sustentabilidade representa uma abordagem inovadora que desafia as convenções estéticas e funcionais tradicionais. Ao explorar formas e materiais inusitados, e ao integrar tecnologias ecológicas, esses projetos não apenas enriquecem o panorama arquitetônico, mas também contribuem para práticas construtivas mais responsáveis e alinhadas com as necessidades ambientais contemporâneas.

Para saber como aplicar conceitos de sustentabilidade em um projeto Surrealista, entre em contato conosco em [email protected]

Este texto usou informações e imagens do artigo “Fantasía, Excentricidad, Distorción (e incluso humor)” do Jornal El País

O Poder da Simulação Energética no Desempenho de Edifícios

A eficiência energética é uma preocupação crescente para muitos proprietários de edifícios. Afinal, um edifício ineficiente pode aumentar significativamente os custos das contas de luz e água, ou do condomínio e esgotar o orçamento operacional. Para alcançar um edifício de alto desempenho, é fundamental tomar decisões informadas em cada etapa do processo arquitetônico.

Uma das maneiras mais eficazes de melhorar o desempenho de um edifício é utilizar softwares de simulação energética. Nós incorporamos a simulação energética de alto nível desde o início de cada projeto, utilizando a simulação ao longo de todo o projeto para testar opções e auxiliar a equipe de projeto a tomar as melhores decisões.

Neste artigo, vamos explicar em mais detalhes o que é a simulação energética e como ela é usada em cada fase do projeto, ajudando você a entender seus benefícios.

O que é Simulação Energética?

Simulação Energética - celular

A simulação energética é o processo de testar um modelo de edifício por meio de softwares especializados para estimar o consumo de energia de um edifício. O objetivo é encontrar um edifício que ofereça a menor Intensidade de Uso de Energia (EUI – energy use intensity, para sua sigla em inglês), ou seja, a quantidade de energia utilizada por metro quadrado por ano.

Durante o processo arquitetônico, a simulação energética permite comparar opções tanto para decisões de projeto tanto em grande escala quanto em pequena escala, incluindo:

  • Formato do edifício (relação altura x largura, profundidade das plantas, átrio central, formato em L, etc)
  • Orientação solar (eixo principal norte-sul, ou leste-oeste, posicionamento das janelas, etc)
  • Acesso à luz natural (profundidade das plantas, átrio central, formato em L, etc
  • Sistemas passivos e ativos (vidros, sistema de ar condicionado, etc.)

Essas opções são frequentemente avaliadas em conjunto com os custos iniciais e as métricas de conforto dos ocupantes, ajudando a tomar decisões alinhadas com os objetivos e o orçamento de cada projeto.

Simulação Energética no Processo Arquitetônico

Idealmente, a simulação energética deve ocorrer em todas as etapas do projeto. Ela é mais eficaz quando você testa continuamente diferentes opções e itera a melhor abordagem possível. Nos estágios iniciais, você pode testar opções de formato e orientação, com simulações tipo “simple box”, e posteriormente testar elementos de projeto e sistemas ativos mais detalhados.

Realizamos simulações energéticas “simple box” ou de alto nível no início do projeto, com modelos cada vez mais detalhados à medida que o projeto avança. 

Projeto Conceitual ou Preliminar

A simulação energética começa com o teste de decisões de projeto de baixo nível. Nesta fase, a equipe de arquitetura sugere formatos de edifícios e porcentagem de vidro em cada fachada e nossa equipe de engenheiros especializados testa diversas versões simplificadas, conhecidas como modelos “simple box“, e compara a EUI prevista com as referências do setor e os objetivos do projeto.

Esses testes ajudam a encontrar o tamanho e o formato mais eficientes para o edifício. Além disso, também testaremos opções de orientação solar, que podem ter um grande impacto na eficiência energética e no conforto dos ocupantes.

Anteprojeto

Com os custos em mente, será possível ajudar a equipe de projeto escolher a melhor opção e seguir em frente com o projeto. No Design Esquemático, serão testados elementos mais detalhados do edifício, como a tipo de vidros e de materiais construtivos, uso de brise-soleil nas diferentes orientações, analisando como diferentes opções impactam o desempenho, o acesso a luz natural e o conforto térmico.

Projeto Executivo

No final do anteprojeto, o projeto deve ter uma direção clara. No projeto executivo, serão refinadas as opções exploradas anteriormente e serão escolhidos produtos, equipamentos específicos, sistemas de ar-condicionado e equipamentos. Ao longo dessa fase, a equipe de projeto solidificará essas escolhas nos Memoriais Descritivos e Especificações dos Documentos Contratuais.

Projeto as-built

Nesta fase, a simulação energética ainda pode ser usada para validar os sistemas instalados e servirá para a documentação de normativas de sustentabilidade e programas federais, como o Procel Edifica.

Quais são os Próximos Passos?

Custos elevados de contas de energia ou condomínio podem arruinar o orçamento de um edifício ou inviabilizar a aquisição de novos inquilinos. A construção de um novo edifício ou a renovação de seu espaço existente é uma oportunidade para melhorar o desempenho energético e reduzir as despesas. O software de simulação energética é uma ferramenta eficaz para aumentar a eficiência energética.

No início do processo de projeto, você pode esperar resultados da simulação energética que vão auxiliar sua equipe na definição do formato, tamanho e orientação do edifício. À medida que avança, a simulação ajudará você a definir tipos de vidro, uso de elementos de sombra e tipo de sistema de ar condicionado.

Lembre-se, o desempenho energético é apenas um dos fatores a considerar no projeto de um edifício. Ao simular opções de projeto, leve em conta fatores que impactam o conforto térmico e o bem-estar dos ocupantes, que também poderão ser simulados.

 

Para saber mais sobre Simulação Energética, entre em contato conosco!

Restauração Urbana: O Exemplo do rio Cheonggyecheon em Seul

Seul, a vibrante capital da Coreia do Sul, enfrenta sérios desafios urbanos que ameaçam a qualidade de vida de seus residentes. A rápida urbanização, combinada com o crescimento populacional, gerou uma série de problemas críticos, como escassez de moradias, congestionamentos de trânsito e altos níveis de poluição. Um dos símbolos mais evidentes desses desafios é o rio Cheonggyecheon, que durante décadas sofreu com a degradação causada pela expansão descontrolada e por políticas urbanas voltadas para o desenvolvimento industrial.

Localizado em uma área historicamente significativa, o Cheonggyecheon teve seus primeiros sinais de deterioração ainda no século XV. O rio, que originalmente desempenhava um papel central na vida dos habitantes locais, tornou-se um canal de esgoto a céu aberto à medida que Seul se transformava de uma região rural em uma das maiores metrópoles do Leste Asiático. Ao longo do século XX, o Cheonggyecheon foi submetido a uma série de intervenções que incluíram dragagens e a construção de aterros, mas nenhuma delas foi suficiente para restaurar sua saúde ecológica.

Na década de 1970, o Cheonggyecheon havia se transformado em um curso d’água poluído e praticamente irreconhecível. Com o avanço da urbanização, o leito do rio foi coberto por uma estrada de 6 quilômetros, sobre a qual foi construída uma rodovia elevada de 5,8 quilômetros com seis pistas, destinada a acomodar o crescente tráfego de veículos. Essa rodovia se tornou um dos maiores contribuintes para a poluição do ar e do solo na área, afetando gravemente a saúde dos residentes e trabalhadores da região.

Impactos Ambientais e na Saúde Pública

A degradação do Cheonggyecheon não apenas comprometeu o ecossistema local, mas também teve um impacto devastador na saúde pública. Estudos realizados na época mostraram que os níveis de poluição do ar ao longo da Cheonggye Street eram significativamente mais altos do que os limites aceitáveis. Poluentes como óxido de nitrogênio e benzeno, um composto orgânico volátil conhecido por suas propriedades cancerígenas, estavam presentes em concentrações alarmantes. Além disso, as condições de vida na região eram agravadas pela poluição sonora, que ultrapassava os padrões aceitáveis para zonas urbanas.

Em um estudo de 2003, foi constatado que a prevalência de distúrbios respiratórios entre os moradores e trabalhadores da área ao redor do Cheonggyecheon era mais do que o dobro em comparação com outras regiões de Seul. Essa situação, combinada com a deterioração estrutural da rodovia elevada, destacada em um estudo de engenharia no ano 2000, demonstrou a necessidade urgente de uma intervenção significativa.

Objetivos da Restauração do Rio Cheonggyecheon

Diante desse cenário desafiador, o Governo Metropolitano de Seul decidiu lançar um projeto ambicioso de restauração do Cheonggyecheon, com o objetivo de revitalizar tanto o ecossistema quanto a qualidade de vida urbana. Os objetivos do projeto eram múltiplos e abrangentes, incluindo:

  • Restauração ecológica: Reabilitar o leito e as margens do rio para devolver ao Cheonggyecheon o seu papel como um elemento vital do ecossistema urbano. 
  • Melhoria da qualidade da água: Implementar sistemas avançados de tratamento de esgoto para garantir que a água do rio fosse limpa e segura para o meio ambiente.
  • Desenvolvimento urbano sustentável: Criar espaços públicos de lazer e recreação ao longo do rio, conectando as comunidades urbanas de forma mais harmoniosa e sustentável.
  • Preservação do patrimônio cultural: Restaurar e conservar os bens históricos ao longo do Cheonggyecheon, como a ponte Gwangtonggyo, originalmente construída em 1410.

A Implementação da Restauração do Cheonggyecheon

restauração urbana

Em 2003, o Cheonggyecheon passou por um processo de re-exposição, que o colocou no centro de uma ampla iniciativa de revitalização urbana. 

A primeira etapa do projeto envolveu o redirecionamento do tráfego que sobrecarregava a região, diminuindo a dependência de veículos e promovendo alternativas de transporte mais sustentáveis. Para melhorar a conectividade e o acesso, foram construídas 22 pontes ao longo do rio, sendo cinco delas destinadas exclusivamente a pedestres e as outras 17 para o tráfego de veículos.

Além disso, grandes esforços foram feitos para transformar a área em torno do Cheonggyecheon em um espaço verde, acessível e voltado para a comunidade. Parques públicos e áreas de lazer foram criados ao longo do rio, oferecendo aos moradores e visitantes oportunidades para recreação e interação com a natureza. O projeto também priorizou a sustentabilidade, com a reciclagem de materiais provenientes das demolições sendo reutilizados na construção de novas infraestruturas.

Restauração Urbana - rio

A restauração do Cheonggyecheon incluiu a incorporação de elementos de design ambientalmente conscientes, como a construção de aterros para mitigar os efeitos das inundações. Um total de 13,5 metros de largura foi destinado a passarelas, estradas unidirecionais e zonas de carga e descarga ao longo do rio, promovendo um equilíbrio entre mobilidade urbana e preservação ambiental.

Em 27 meses foram restaurados 5,8 km do leito do rio, um equivalente a 400 hectares. Este projeto de restauração custou USD 281 milhões aos cofres de Seul.

Resultados e Impactos Positivos

O sucesso da restauração do Cheonggyecheon foi notável, tanto do ponto de vista ecológico quanto urbano. A revitalização do rio não só restaurou a vitalidade ecológica do Cheonggyecheon, mas também transformou Seul em um modelo global de desenvolvimento urbano sustentável. A melhoria da qualidade do ar e da água, a redução da poluição sonora e a criação de espaços públicos agradáveis contribuíram para a elevação da qualidade de vida na cidade.

Além disso, a restauração do Cheonggyecheon teve um impacto cultural significativo. A restauração da ponte Gwangtonggyo e a preservação de outros bens históricos reforçaram o valor do rio como um marco cultural e histórico de Seul. A iniciativa, que combinou inovação, sustentabilidade e respeito pelo patrimônio cultural, serve como um exemplo inspirador para outras cidades que buscam soluções para problemas urbanos complexos.

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Conclusão

A restauração do rio Cheonggyecheon em Seul exemplifica como uma abordagem integrada e visionária pode transformar um desafio urbano em uma oportunidade de revitalização ecológica e social. 

Também é importante perceber que quanto mais tempo demorarmos para tomar uma atitude, mais caro será o projeto de revitalização. Os quase 300 milhões de dólares investidos, representam um valor astronômico para qualquer cidade ou país, no entanto, se começarmos a nos preocupar e a investir na revitalização de nossos rios urbanos, este valor poderá, e deverá, ser menor.

O sucesso deste projeto demonstra que é possível reverter décadas de degradação ambiental através de intervenções bem planejadas e sustentáveis, resultando em melhorias significativas na qualidade de vida dos habitantes. 

O Cheonggyecheon, uma vez um símbolo de poluição e desordem urbana, agora se destaca como um ícone de regeneração ambiental e um modelo a ser seguido por cidades ao redor do mundo que enfrentam desafios semelhantes. 

O exemplo de Seul nos mostra que, com determinação, inovação, um compromisso com o bem-estar comum, e muito investimento é possível transformar nossos ambientes urbanos em espaços mais saudáveis e harmoniosos. 

 

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Brasil: uma potência de energia renovável

Quando se fala em energia renovável, o Brasil aparece com lugar em destaque. Afinal, nosso país tem um amplo potencial de produção de energia a partir do vento, do sol, das marés e da biomassa.

Só para se ter uma ideia, o Brasil é responsável por quase 7% da produção de energia renovável do planeta – superando sua participação de 3% da população global e 2% do PIB global – e há muito tempo é líder em biocombustíveis e tecnologias hidrelétricas. 

E aqui temos que considerar um fato de que, mesmo com esse protagonismo, ainda estamos longe de todo potencial que temos a desenvolver. Tanto que o país busca expandir sua inovação energética para novas áreas tecnológicas: seu recente Programa Nacional de Hidrogênio e o programa Combustível do Futuro colocam a pesquisa e o desenvolvimento (P&D) entre seus principais pilares.

Para isso, é preciso deixar para trás incertezas que marcam esse setor. Como a falta de clareza sobre os papéis do governo e do setor privado, a imprevisibilidade e a insegurança jurídica – e integrar as diversas fontes de energia disponíveis, incluindo os setores hidrelétrico, de petróleo & gás e de etanol.

Mesmo em um cenário indefinido, o mercado de energia renovável no Brasil se tornou moderno para investimentos nos últimos anos. A geração privada de eletricidade e o fornecimento excedente à rede a partir de fontes de energia renovável tornaram o mercado atraente para os investidores. De fato, a Bloomberg’s New Energy Finance espera que o Brasil atraia US$300 bilhões em investimentos em infraestrutura nos próximos 17 anos.

O mercado de energia renovável no Brasil hoje

Em um cenário desafiador, onde precisamos de medidas urgentes para reduzir o aquecimento global, o Brasil surge como um protagonista da mudança.

O perfil de emissões do Brasil é bastante diferente do resto do mundo. O país emite cerca de 2,2 gigatoneladas de dióxido de carbono equivalente (GtCO2eq) todos os anos, metade das quais provém do desmatamento (50%), um quarto da agricultura (25%), um quinto do transporte e da energia (20%) e o restante da indústria e dos resíduos (5%). 

Cerca de 80% do desmatamento ocorre no bioma amazônico, impulsionado principalmente pelo desmatamento ilegal associado a um ciclo complexo de apropriação de terras públicas. 

Para se tornar uma potência em sustentabilidade, o Brasil precisa reduzir significativamente seu desmatamento, e abordar a legislação sobre a propriedade da terra é um primeiro passo importante.

A questão energética surge como uma grande resposta.

O Brasil já alcançou uma capacidade instalada total de mais de 180 GW em fontes renováveis e continua a expandir seu mercado de energia renovável. Em 2022, as usinas hidrelétricas produziram cerca de 48 GW, enquanto as fontes solar e eólica produziram cerca de 10 GW combinados, a partir de 3.900 usinas de energia solar e 726 parques eólicos. No ano passado, o país também conseguiu conectar outros 6,5 GW de fontes renováveis não hídricas.

Oportunidades de investimento no mercado de energia renovável do Brasil

Espera-se que os investimentos no mercado de energia renovável do Brasil continuem crescendo, com uma expansão esperada da capacidade solar de 10 GW e um crescimento do setor de energia eólica de cerca de 30 GW, de acordo com contratos em fase final. Espera-se que o mercado de energias renováveis registre uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de mais de 3,8% nos próximos 4 anos.

Por exemplo, este ano, um dos maiores participantes do setor de energia renovável conseguiu garantir um empréstimo de US$210 milhões do BNDES. Isso estabelece um precedente para PPAs denominados em dólares. O empréstimo financiará projetos de energia renovável, reduzindo o risco de flutuações da taxa de câmbio.

Desafios da Energia Renovável no Brasil

Diante de tanta expectativa e investimento, alguns desafios já podem ser desenhados para que o Brasil se firme como um protagonista da energia renovável no planeta. Veja abaixo alguns que listamos.

Infraestrutura e Logística

Transmissão de Energia: A transmissão de energia renovável, especialmente a eólica e solar, para os centros urbanos é um grande desafio. Muitas dessas fontes estão localizadas em áreas remotas, exigindo investimentos significativos em infraestrutura de transmissão.

Armazenamento de Energia: A intermitência das fontes de energia renovável, como solar e eólica, exige o desenvolvimento de tecnologias de armazenamento eficientes para garantir a estabilidade do fornecimento.

Investimentos e Financiamentos

Alto Custo Inicial: O desenvolvimento de projetos de energia renovável geralmente requer altos investimentos iniciais. Aqui precisaremos de incentivos financeiros e fiscais para atrair investidores e converter empresas que utilizam energia 

Linhas de Crédito: A necessidade de linhas de crédito acessíveis e condições financeiras favoráveis é essencial para promover o crescimento do setor.

Políticas Públicas e Regulamentação

Incerteza Regulatória: Mudanças frequentes na legislação e regulamentação podem criar um ambiente de incerteza para investidores e desenvolvedores de projetos. Por isso é muito importante um compromisso não só nacional como dos estados e municípios para incentivar energias renováveis.

Incentivos e Subsídios: A implementação de políticas consistentes e de longo prazo, como subsídios e incentivos fiscais, é crucial para estimular o desenvolvimento de energia renovável.

Aspectos Ambientais e Sociais

Impacto Ambiental: Apesar de serem mais sustentáveis, projetos de energia renovável também podem ter impactos ambientais, como o desmatamento para a instalação de parques solares e eólicos.

Aceitação Social: A resistência de comunidades locais e a falta de conscientização sobre os benefícios da energia renovável podem dificultar a implementação de novos projetos.

Tecnologia e Inovação

Desenvolvimento Tecnológico: A necessidade de avanço tecnológico constante para aumentar a eficiência e reduzir os custos das tecnologias de energia renovável é um desafio contínuo.

Capacitação Profissional: A formação de mão de obra qualificada para operar e manter sistemas de energia renovável é fundamental para o sucesso do setor. 

Conclusão

O Brasil se destaca como uma potência de energia renovável com um vasto potencial ainda a ser explorado. Apesar dos desafios significativos, como infraestrutura de transmissão inadequada, custos iniciais elevados e incertezas regulatórias, o país demonstra um compromisso crescente com a expansão desse setor crucial. 

Com iniciativas como o Programa Nacional de Hidrogênio e avanços em tecnologias energéticas, o Brasil está posicionado para atrair investimentos substanciais e se firmar como um líder global na transição para uma economia mais sustentável. 

A cooperação entre governo, setor privado e comunidades será essencial para superar esses desafios e alcançar seu pleno potencial em energia renovável, contribuindo de forma significativa para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e promover um futuro mais verde e próspero.

Saiba mais como projetos de geração de energia podem contribuir para edifícios mais sustentáveis através do nosso e-mail [email protected] 

O ar-condicionado pode ser mais sustentável?

Ares-condicionados são a chave para uma eficaz redução de emissão de gases do efeito estufa. De forma direta podemos dizer isso sem duvidar, uma vez que já foram feitos diversos estudos sobre a questão e boa parte delas aponta o ar-condicionado como um dos grandes vetores de mudança para um edifício sustentável.

Nestes estudos, estima-se que a substituição dos ares-condicionados com tecnologia antiga reduziria a emissão de gases de efeito estufa em 90 bilhões de toneladas de CO2 até 2050. Tornar as unidades mais eficientes em termos de energia poderia dobrar esse número. 

Só para se ter uma ideia, se metade da população mundial abandonasse a carne, geraria uma economia de 66 bilhões de toneladas de CO2. Já replantar dois terços das florestas tropicais degradadas economizaria 61 bilhões de toneladas. Um aumento de um terço nas viagens globais de bicicleta economizaria apenas 2,3 bilhões de toneladas. Ou ainda, segundo a Agência de Proteção Ambiental (EPA) do governo norte-americano, estima-se que um carro de passageiros típico, emite 4,6 toneladas de CO2 por ano, ou seja, seria como retirar 752 milhões de carros de circulação, ou a metade da frota mundial.

E todos os tópicos exemplificados, são normalmente os mais comentados quando se fala em mudanças climáticas. Ou seja, fica claro que o ar-condicionado é uma das grandes indústrias negligenciadas do mundo.

A invenção do ar-condicionado, junto com a do automóvel, revolucionou a forma como vivemos e trabalhamos. No entanto, ao contrário dos carros, que enfrentam críticas por seu impacto ambiental e social, o ar-condicionado recebeu pouca atenção nesse sentido.

Benefícios do ar-condicionado

É inegável que o ar-condicionado trouxe benefícios imensos à humanidade. Lee Kuan Yew, ex-primeiro-ministro de Cingapura, o chamou de “talvez uma das invenções mais importantes da história”. Ele impulsionou a produtividade em regiões tropicais, contribuiu para a industrialização do sul da China e, na Europa, reduziu drasticamente as mortes relacionadas ao calor. Nas escolas, salas de aula climatizadas estão associadas a um melhor desempenho dos alunos.

Desafios da climatização tradicional

Apesar dos seus benefícios, o ar-condicionado também apresenta desafios. Se continuarmos com os modelos tradicionais, a proliferação desses aparelhos, prevista para os próximos 10 anos, trará consequências graves. As emissões de gases de efeito estufa aumentarão consideravelmente, intensificando o aquecimento global.

Para enfrentar essa missão, entre 2018 e 2021, o Global Cooling Prize ofereceu um prêmio de US$ 1 milhão para quem resolvesse o problema de emissões de gases vindas do ar-condicionado. 

Essa iniciativa foi patrocinada por diversos aliados: o Departamento de Ciência e Tecnologia da Índia (onde a batalha aconteceu), o Rocky Mountain Institute (RMI), uma coalizão de 24 países, e Richard Branson, o lendário fundador e CEO do Virgin Group.

Foi uma competição promissora, que reuniu 139 inscrições técnicas de 31 países. O projeto vencedor veio da Gree. O projeto se destacou por apresentar o resfriamento “Zero Carbon Source” que utiliza, de forma eficiente, fontes de energia renováveis e fontes de resfriamento gratuito, como o ar e a água. Através dessa tecnologia o aparelho pode operar em diferentes modos como a refrigeração por compressão de vapor, o resfriamento evaporativo e a ventilação, dependendo das diferentes condições climáticas.

Dessa forma é possível reduzir a carga elétrica do ar-condicionado e fornecer uma solução de climatização confortável e com maior economia de energia para o ambiente interno. De acordo com o organizador, se esta tecnologia for amplamente promovida e adotada, ela poderia evitar o equivalente a 132 bilhões de tonelada de emissões de CO2 até 2050 e ajudar o mundo a amenizar em até 0,5 °C do aquecimento global até 2100, ao mesmo tempo em que melhora os padrões de vida das pessoas em ambientes de clima quente e úmido.

Esse foi um grande passo para a mudança. 

O Relatório de Emissões de Refrigeração e Síntese de Políticas, publicado pela ONU e pela Agência Internacional de Energia (IEA) em 2020, revelou a magnitude do desafio: reduzir a produção e o uso desses gases em 85% poderia evitar um aumento de 0,4°C na temperatura global até 2100.

Motivados por essa missão crucial, 130 países se uniram na Emenda de Kigali ao Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio, assumindo o compromisso de enfrentar esse inimigo climático.

Soluções para uma climatização sustentável

A jornada pela refrigeração sustentável ainda está em andamento, mas a competição  da Global Cooling representou um marco importante na luta contra as mudanças climáticas. 

Para garantir o conforto sem comprometer o planeta, é necessário repensar a forma como utilizamos o ar-condicionado. 

Três medidas cruciais são:

  1. Design inteligente:
  • Arquitetura bioclimática: Projetar edifícios com recursos como beirais, varandas e ventilação natural, reduzindo a necessidade de ar-condicionado artificial.
  • Telhados brancos: Implementar essa prática simples, porém eficaz, que ajuda a refletir o calor e diminuir a temperatura interna dos ambientes.
  1. Eficiência energética:
  • Aparelhos mais eficientes: Adotar modelos que consomem menos energia, como os que utilizam até um terço da eletricidade dos modelos tradicionais.
  • Normas mais rigorosas: Implementar e elevar padrões mínimos de desempenho energético em todos os países.
  1. Refrigerantes ecológicos:
  • Eliminar hidrofluorocarbonetos (HFC): Substituir esses refrigerantes nocivos ao meio ambiente por alternativas mais sustentáveis.
  • Ratificar a Emenda de Kigali: Apoiar e cobrar a implementação desse acordo internacional que visa eliminar os hidrofluorocarbonetos.

Conclusão

O uso de ar-condicionado no ambiente construído, seja residencial, profissional ou industrial é uma realidade, pois melhora a qualidade de vida das pessoas, ao mesmo tempo que ajuda na produtividade e desenvolvimento da sociedade.

No entanto, projetar um edifício sem pensar na redução da necessidade do ar-condicionado, sem levar em considerações estratégias bioclimáticas ou de orientação, ou utilizar a tecnologia mais barata, ou sem dimensionamento adequado, vai sair caro para o quem for pagar a conta de luz e, para o planeta, para nossos filhos e netos. 

Portanto, é muito importante que os arquitetos se associem com escritórios de engenharia para analisar como seu projeto pode ser otimizado para diminuir a carga térmica e como essa diminuição, que também se traduz em redução de custo, pode ser aplicada para investir em sistemas mais eficientes, desta forma, reduzindo o impacto que o ar-condicionado tem na emissão de CO2 na atmosfera.

Entre em contato conosco para saber como podemos ajudá-los a estudar o melhor custo-benefício de sistemas de ar-condicionado e otimizar custo de investimento inicial, reduzir custo na conta de luz e reduzir as emissões de gases do efeito estufa.

ESG: 7 boas práticas de líderes eficazes.

ESG é um tema que desperta muitas opiniões. Não é exagero dizer que se trata de uma revolução, uma vez que os 3 pilares da ESG indicam mudanças significativas na nossa sociedade.

Toda mudança gera um embate e a polarização em torno do ESG continua a se intensificar à medida que partes com ideologias e interesses variados, e muitas vezes conflitantes, debatem sua relevância e impacto. Os envolvidos estão mudando sua abordagem, muitas vezes minimizando o termo em si.

Diante deste cenário, o conceito de ESG vem amadurecendo e a Forbes elencou 7 ações efetivas que líderes eficazes estão utilizando para lidar com o tema.

1. Ouvir o conteúdo das críticas e reconhecer os problemas com a ESG 

Ao levar as preocupações a sério, os líderes eficazes criam o próximo nível de maturidade da ESG. 

Eles sabem que ignorar e/ou deixar de abordar as críticas reduz a credibilidade e a eficácia dos esforços de ESG. Por exemplo, os críticos encontram falhas nas metodologias de coleta e análise de dados para os fatores ambientais e sociais de ESG que os líderes precisam resolver. E, embora os fundos de ESG mais bem-sucedidos possam superar o desempenho do mercado, outros ficam para trás, o que cria problemas para os investidores em uma economia em baixa que os líderes de fundos precisam resolver.

Além disso, muitos críticos levantam preocupações com relação aos custos e recursos significativos associados aos relatórios de ESG e aos requisitos de conformidade.

2. Diminuir a ideologia; tratar do negócio 

Líderes eficazes evitam cair na armadilha de que qualquer coisa associada a ESG é boa ou qualquer coisa associada a ESG é ruim. 

Essas pessoas se concentram em fatores objetivos relacionados à resiliência e ao desempenho quando discutem o tema. Por exemplo, uma empresa de plásticos que está lidando com emissões de gases de efeito estufa (GEE) e poluição de produtos pode destacar como esses esforços afetam a viabilidade de longo prazo. 

No caso de uma empresa de petróleo e gás, a redução de carbono e as estratégias de transferência de risco ilustram uma mudança para novos mercados de energia renovável e uma redução no capex plurianual.

Para uma organização de serviços financeiros, os investimentos em ESG podem atrair novos clientes. Em todos os setores, os programas de apoio ao bem-estar dos funcionários podem aumentar a produtividade, o engajamento e a retenção. Líderes eficazes conectam ações de ESG a benefícios e resultados comerciais.

3. Seja claro na justificativa para ESG 

Ações eficazes de liderança para ações de ESG geralmente se enquadram em três categorias, muitas vezes sobrepostas, que refletem a filosofia, a estratégia e a abordagem da empresa. 

São elas:

– Abordagem orientada para a conformidade: em que as ações de ESG se concentram principalmente na satisfação de requisitos de conformidade, reguladores e/ou regras de câmbio.

– Abordagem orientada pela responsabilidade social:em que as ações de ESG são baseadas nos valores e no propósito da empresa.

– Abordagem orientada pela estratégia: em que as ações de ESG são integradas à estratégia e às operações da empresa.

Bons líderes determinam as ações apropriadas com base em sua lógica de negócios para ESG e vinculam essas ações ao desempenho dos negócios, à gestão de riscos e à criação de valor.

4. Enfatizar as partes individuais do ESG 

Os líderes eficazes estão cada vez mais abandonando as grandes declarações sobre ESG e, em vez disso, falando sobre o impacto de cada componente no desempenho dos negócios – o E (por meio do clima), o S (por meio da responsabilidade social e do bem-estar dos funcionários) e o G (por meio da governança corporativa). 

Embora o próprio ESG possa ser um termo polarizador, o foco nos riscos climáticos, como inundações e incêndios em fábricas, centros de distribuição e call centers, permite a continuidade dos negócios. 

O foco no bem-estar dos funcionários ajuda a impulsionar o engajamento e o desempenho, e o foco em mercados mal atendidos impulsiona o crescimento e a criação de valor. 

O foco na governança impulsiona a execução eficaz da estratégia.

5. Meça os resultados de ESG e seja transparente 

A pesquisa da WTW constatou que 77% das principais empresas da América do Norte e da Europa incluem métricas de ESG em seus planos de incentivo para executivos, um aumento em relação aos 68% do ano de 2022.

As empresas medem empiricamente o ESG como uma métrica distinta e ponderada na metade das vezes, e a avaliação qualitativa do desempenho  continua sendo uma prática comum. 

O uso de uma combinação de medidas quantitativas e qualitativas nos relatórios corporativos de ESG tem se difundido. Líderes eficazes se esforçam para usar medidas objetivas e divulgar de forma transparente as definições e o progresso sempre que possível.

6. Foco no impacto real 

À medida que o ESG amadurece, boas lideranças são realistas quanto aos efeitos dos esforços de ESG, bem como quanto aos custos e benefícios associados às atividades de ESG de curto e longo prazo. 

Eles estão atentos tanto ao “greenwashing” (quando uma organização gasta mais tempo e dinheiro para se apresentar como ecologicamente correta do que de fato minimizar seu impacto ambiental) quanto ao “greenwishing” (termo do economista ambiental Duncan Austin para esforços bem-intencionados para tornar o mundo mais sustentável que ficam aquém das aspirações).

7. Use uma lente de administração 

Os líderes eficazes entendem que, para que as empresas prosperem, elas precisam de administração – a gestão cuidadosa e responsável de ativos, passivos, intangíveis e patrimônio líquido. 

Cada vez mais, os investidores pressionam os conselhos e as equipes de gestão para que sejam administradores mais eficazes, a longo prazo, das empresas que lhes foram confiadas e para que respondam melhor aos constituintes que atendem. 

Os debates atuais sobre a eficácia e a sabedoria do ESG concentram-se em questões específicas, enquanto a administração é mais ampla e menos ideológica. Para capturar totalmente os fundamentos empresariais necessários para a resiliência, a viabilidade e o crescimento de longo prazo, os líderes eficazes se concentram em uma ampla gama de questões que incluem prioridades de desempenho e proteção, além de propósito, pessoas e planeta.

Os líderes eficazes concentram as ações de ESG na criação de valor, viabilidade, estabilidade, desempenho financeiro e crescimento de curto e longo prazo. A resistência ao ESG é um sinal de que ele está evoluindo, com as partes interessadas tomando medidas para tornar o clima, a responsabilidade social, o bem-estar dos funcionários e os esforços de governança corporativa mais consistentemente tangíveis, significativos e mensuráveis – independentemente do nome que tenham.

Conclusão

Assim como qualquer prática ou política nova, o ESG gera dúvidas, possui pontos que podem e devem ser melhorados, mas, como seu objetivo principal é a redução dos impactos das empresas no clima, a melhoria do bem-estar dos funcionários e comunidade em geral e gestão eficiente de uma empresa, os líderes e pessoas envolvidas com as políticas ESG deverão responder aos questionamentos e procurar soluções para os pontos que ainda não estão claros, assim como implementar um sistema de melhoria contínua desta prática.

Nós, do Estúdio Letti, podemos ajudar a sua empresa de maneira concreta e prática através das certificações de sustentabilidade de seus edifícios, melhoria da eficiência energética e estudos de conforto térmico e lumínico para seus escritórios.

 

Entre em contato conosco para saber mais!

Benefícios da reutilização da água cinza no paisagismo

Você sabe o que é água cinza? O nome não é muito convidativo, mas se trata de um elemento muito importante quando falamos de sustentabilidade. Neste artigo, vamos apresentar este conceito e trazer alguns benefícios em torno dele.

O que é água cinza?

Bom, primeiro precisamos entender exatamente o que é água cinza. E vamos direto ao ponto. É a água residual de máquinas de lavar, chuveiros, banheiras e pias. Ela foi usada levemente e pode conter sabão, cabelo, sujeira ou bactérias, mas é limpa o suficiente para regar as plantas. 

Em alguns lugares, a água da pia da cozinha é considerada água cinza, enquanto em outros lugares é classificada como “água negra”, como a do vaso sanitário. 

Água cinza (tratada ou não tratada) não é o mesmo que água reciclada, que é uma água residual altamente tratada de uma estação de tratamento centralizada. 

Benefícios da água cinza

A reutilização desta água é um componente importante das práticas sustentáveis para redução do consumo de água e há muitos benefícios em usar água cinza em vez de água potável, especialmente para irrigação.

O uso deste recurso pode:

  • Diminuir o uso de água potável em 16% a 40%, dependendo do local e do projeto do sistema. 
  • Diminuir o valor das contas de água e de esgoto.
  • Diversificar o abastecimento de água municipal e fornecer uma fonte alternativa de água para irrigação, reservando a água tratada para necessidades de maior qualidade.
  • Reduzir as necessidades de energia e produtos químicos usados para tratar as águas residuais.

Outro benefício do uso de água cinza é que ela aumenta a conscientização sobre nossas fontes de abastecimento de água, ajudando-nos a entender de onde vem a água que consumimos e para onde ela vai. 

Parece um detalhe não muito importante, mas estar ciente de nosso abastecimento de água nos incentiva a escolher produtos mais saudáveis e a nos envolver com o meio ambiente. 

Ao reutilizá-la, nós economizamos recursos hídricos para outros seres vivos.

O uso de água cinza como recurso, harmonizado com o uso da água no paisagismo, coleta de água da chuva e banheiros secos, nos ajudam a reduzir a dependência da água importada e proteger nossas bacias hidrográficas.

Noções básicas sobre água cinza

A água cinza é uma fonte única de água e deve ser usada de forma diferente da água potável ou da água da chuva. Aqui estão algumas diretrizes básicas para o uso de sistemas  residenciais:

  • Não armazene esta água por mais de 24 horas. Se você armazenar, os nutrientes nela contidos começarão a se decompor e a gerar maus odores.
  • Minimize o contato com a água cinza. Ela pode conter agentes patogênicos.Todos os sistemas devem ser projetados para que a água seja absorvida pelo solo e fique fora do alcance de animais e pessoas.
  • Infiltre a água cinza no solo: não permita a estagnação ou o escoamento. Você precisa saber a rapidez com que a água é absorvida pelo solo para projetar um sistema adequado. A água cinza estagnada oferece oportunidades para a reprodução de mosquitos, bem como contato com animais e seres humanos.
  • Mantenha seu sistema o mais simples possível. Os sistemas duram mais, exigem menos manutenção, usam menos energia e custam menos. 
  • Tenha em mente que os sistemas de bombas e filtros exigem um compromisso maior e manutenção constante. 
  • Instale uma válvula de desvio em um local conveniente para permitir a troca fácil entre o sistema de água cinza e o esgoto ou sistema séptico.
  • Ajuste a quantidade de água diretamente de acordo com as necessidades de irrigação de suas plantas.

Conclusão

A reutilização das águas cinzas no paisagismo é uma prática altamente vantajosa do ponto de vista da sustentabilidade e conservação dos recursos hídricos. 

Mais do que simplesmente utilizar água de maneira mais eficiente, essa prática nos conecta com nossas fontes de água, incentivando escolhas mais conscientes e uma maior interação com o meio ambiente. 

Assim como todas as estratégias de sustentabilidade, o reuso de águas cinzas, em especial para irrigação, é uma forma fácil e inteligente de utilizar os recursos naturais, mas é crucial seguir diretrizes específicas para o uso responsável da água cinza, garantindo sua aplicação segura e eficaz no paisagismo residencial.

Se você quer saber mais sobre o uso de águas cinzas em seu projeto e como isso pode somar para que seu edifício seja mais sustentável, entre em contato conosco no e-mail [email protected] ou clique aqui.

Biodiversidade – O ponto cego da estratégia ESG

A perda de biodiversidade ameaça os ecossistemas, as economias e os modos de vida, ao mesmo tempo que compromete os atuais esforços para mitigar as alterações climáticas. Sendo assim, fica claro que esse é um dos pontos fundamentais e que precisam entrar urgentemente nas pautas da estratégia ESG, para garantir um planeta saudável e prosperidade para humanidade.

Fizemos a tradução livre do artigo da Verdani, que tem feito uma série muito interessante sobre o tema. Hoje vamos trazer uma parte desta série, retirada deste link original.

As prioridades precisam mudar

As principais prioridades da ESG no setor imobiliário comercial tem se concentrado nas alterações climáticas e na corrida para o net zero. Embora estas iniciativas sejam importantes, chegamos em uma encruzilhada. Não só a continuação do caminho atual se revela ineficaz, como os progressos realizados até agora serão prejudicados se não abordarmos um ponto cego significativo: a perda de biodiversidade.

A biodiversidade e os numerosos serviços que dela dependem são fundamentais para a vida na Terra, especialmente para os seres humanos. No entanto, a biodiversidade está diminuindo num um ritmo alarmante, ameaçando os ecossistemas e agravando as alterações climáticas. 

A relação entre as alterações climáticas e a biodiversidade torna-se cada vez mais clara que uma não pode ser remediada sem a outra. De fato, algumas das medidas mais eficazes e econômicas para combater as alterações climáticas provêm da própria natureza.

Considerando que o ambiente construído é responsável por 30% da perda global de biodiversidade, é fundamental que o setor imobiliário comercial aborde seus impactos e dependências com relação à natureza(Fonte). 

As empresas têm não apenas um papel importante a desempenhar, mas uma oportunidade extraordinária de deter a perda de biodiversidade, regenerar a natureza e criar modelos de negócios positivos para a natureza como líderes em ESG. 

No final deste ano (o texto foi escrito em 2022 – aqui está o resultado da reunião), a segunda reunião da Conferência da ONU sobre Biodiversidade (CBD COP-15) deverá ocorrer em Kunming, na China. Serão tomadas decisões sobre uma nova Estrutura Global de Biodiversidade pós-2020, que deverá exigir ações urgentes e transformadoras com relação à biodiversidade. Para nos prepararmos para essas mudanças e criarmos estratégias de ESG mais progressivas, holísticas e eficazes, precisamos começar a entender a biodiversidade e sua importância.

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Porque a biodiversidade é fundamental para a vida

A biodiversidade é a variedade de vida na Terra. Engloba toda a vida – bactérias, fungos, plantas, animais e seres humanos. A biodiversidade pode também se referir aos processos evolutivos, ecológicos e culturais de que a vida necessita para sobreviver e prosperar (Fonte). 

Estes processos são fundamentais não só para um planeta resiliente, como também fornecem muitos benefícios ecossistêmicos de que os seres humanos dependem, incluindo serviços de provisionamento, regulação, cultural e de apoio.

Provisionamento 

Os serviços de provisionamento, ou de fornecimento, são recursos tangíveis que podem ser extraídos do meio ambiente, como alimentos, abrigo, medicamentos, roupas e combustível. A queima de petróleo, carvão e gás natural, no entanto, está contribuindo para a mudança climática e prejudicando a capacidade dos ecossistemas de continuar fornecendo recursos essenciais.

Regulação 

Esses serviços regulam os fenômenos naturais e proporcionam benefícios que incluem o ciclo de nutrientes, a polinização, o controle da erosão e das inundações, a purificação da água, o controle de doenças e a regulação do clima(Fonte). 

Os fungos decompõem a matéria orgânica e fornecem nutrientes às plantas; os insetos polinizam as plantas e sustentam os sistemas alimentares; as raízes das árvores fixam o solo e evitam a erosão; e as florestas e os pântanos absorvem carbono e ajudam a regular o dióxido de carbono atmosférico. Um ecossistema próspero, portanto, purifica, protege e promove a vida.

Cultural 

Da recreação ao esclarecimento espiritual e à subsistência, o mundo natural molda a identidade cultural da humanidade. Atualmente, cerca de 1,3 bilhão de pessoas em todo o mundo dependem das florestas para seu modo de vida (Fonte) e aproximadamente um bilhão de pessoas são sustentadas, direta ou indiretamente, pelos recifes de corais (Fonte). Quando os ecossistemas prosperam, o mesmo acontece com as sociedades.

Apoio 

Fundamentais para os outros serviços ecossistêmicos, os serviços de apoio fornecem as funções e os processos que possibilitam a vida na Terra, como a fotossíntese, a criação do solo, o ciclo de nutrientes e os ciclos da água e do carbono (Fonte).

Ecossistemas saudáveis e biodiversos sustentam esses serviços e, portanto, nossa sobrevivência. No entanto, nossa relação desarticulada com a natureza obrigou a sociedade a considerar os recursos naturais como ferramentas dispensáveis em vez de elementos essenciais. 

A atividade humana alterou significativamente a maioria dos ecossistemas terrestres e marinhos em todo o mundo, resultando na perda de cerca de 83% dos mamíferos selvagens e 50% das espécies de plantas (Fonte). 

A abundância de insetos voadores também diminuiu drasticamente nas últimas décadas, colocando em risco as cadeias alimentares e os serviços de polinização (Fonte). Com esses rápidos declínios, estamos agora em meio à sexta extinção em massa da Terra – a primeira causada por seres humanos(Fonte).

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Como a perda de biodiversidade ameaça a sociedade

A poluição, a perda de habitat, as espécies invasoras, a superexploração e as mudanças climáticas são as principais pressões que alimentam a perda de biodiversidade(Fonte). Embora não seja sentida de maneira uniforme em todas as regiões, a perda da biodiversidade global está desestabilizando a produção de alimentos, reduzindo a resiliência climática, ameaçando a saúde humana e limitando a capacidade do planeta de combater as mudanças climáticas.

Desestabiliza a produção de alimentos

A alteração de habitats e a adoção de práticas não sustentáveis de gestão da terra podem privar uma região de sua biodiversidade, prejudicando a capacidade da região de prover alimentos para as pessoas, a vida selvagem e a sociedade. 

Por exemplo, a perda de biodiversidade por meio do desmatamento, especialmente a conversão de florestas tropicais em terras agrícolas, ameaça as comunidades locais. 

Em épocas de escassez de safras ou de recessão econômica, essas comunidades vulneráveis dependem muito da robusta biodiversidade vegetal para obter alimentos e renda (Fonte). 

O desmatamento pode levar à erosão do solo, à infertilidade do solo e à desertificação, uma vez que a reviravolta causa distúrbios extremos nos ecossistemas do solo (Fonte). Isso dificulta a manutenção da produtividade das culturas a longo prazo e inibe a recuperação da floresta. À medida que a biodiversidade diminui, o mesmo acontece com a diversidade genética que cria resiliência e nutre o solo, tornando os seres humanos mais vulneráveis às ameaças de insegurança alimentar e infertilidade da terra.

Reduz a resistência climática

Além de fornecer alimentos, a natureza serve como um amortecedor contra desastres naturais, como a intensificação de tempestades e o aumento das marés. Estudos indicam que as áreas úmidas no nordeste dos EUA evitaram US$ 625 milhões em danos causados por enchentes durante o furacão Sandy em 2012, absorvendo e direcionando o excesso de fluxo de água (Fonte). 

Da mesma forma, recifes saudáveis de corais, ostras, mexilhões e outras espécies aquáticas amortecem a energia das ondas, reduzindo o impacto das tempestades nas comunidades costeiras. Um relatório de 2021 estima que os recifes de coral dos EUA ajudam a evitar mais de US$1,8 bilhão em danos causados por enchentes anualmente (Fonte). 

No entanto, os recifes de coral estão sendo ameaçados pela poluição, pesca excessiva, desenvolvimento costeiro insustentável e pelos efeitos das mudanças climáticas, incluindo o aumento da temperatura e da acidificação dos oceanos (Fonte). 

Os benefícios sociais e ambientais que os recifes naturais proporcionam devem incentivar sua preservação como um mecanismo natural para proteger a biodiversidade e o desenvolvimento urbano.

Ameaça a saúde humana

Além da resiliência climática, a natureza fornece recursos e sistemas que apoiam a saúde e o bem-estar humanos. Por exemplo, a perda da biodiversidade florestal diminui os recursos medicinais (Fonte). 

A medicina moderna obtém um quarto dos medicamentos de plantas das florestas tropicais (Fonte). Cerca de três quartos dos tratamentos contra o câncer são produzidos diretamente ou inspirados em plantas da natureza (Fonte). A perda de habitat não apenas limita os recursos medicinais, mas também diminui as oportunidades de novas descobertas médicas. Além disso, a biodiversidade pode servir como um amortecedor para impedir que os patógenos da vida selvagem se espalhem para os seres humanos (Fonte). 

Estudos mostram que a biodiversidade robusta diminui a disseminação da doença de Lyme (Fonte). À luz dessa pesquisa e da devastadora pandemia global da COVID-19, a preservação da biodiversidade é uma medida importante para proteger a saúde pública.

Diminui a eficácia dos sumidouros de carbono

A destruição contínua do habitat e a manipulação do ecossistema podem acelerar o ritmo das mudanças climáticas ao inibir a capacidade da natureza de servir como sumidouro de carbono. 

Por exemplo, o aumento das concentrações de plástico no oceano pode diminuir a atividade fotossintética do fitoplâncton nas águas superficiais (Fonte). Isso deixa mais dióxido de carbono na atmosfera, contribuindo ainda mais para o efeito estufa que aquece o planeta. 

Além disso, aproximadamente um quarto das emissões de GEE (gases de efeito estufa) é proveniente da perda de carbono do solo devido à conversão de terras e às práticas inadequadas de gerenciamento de terras. Atualmente, os solos absorvem cerca de 25% de todas as emissões de combustíveis fósseis a cada ano, mas retêm menos da metade do carbono que tinham antes das práticas antropogênicas de gestão da terra (Fonte). 

As áreas úmidas armazenam de 20 a 30% do carbono estimado do solo global, apesar de cobrirem apenas 5 a 8% da superfície da Terra (Fonte). No entanto, as zonas úmidas estão desaparecendo três vezes mais rápido do que as florestas (Fonte). Proteger esses ecossistemas e incorporá-los ao planejamento e desenvolvimento urbano é fundamental para mitigar o risco climático e fortalecer a resiliência. 

Por fim, climas mais quentes levam a temperaturas mais quentes do solo que promovem o aumento da atividade microbiana. Isso resulta em maiores quantidades de dióxido de carbono liberadas na atmosfera por meio da respiração microbiana (Fonte). Assim, a perda da natureza e da biodiversidade está exacerbando a mudança climática, comprovando a conexão entre essas questões críticas.

Conclusão

Como setor e sociedade, há imensas oportunidades para evitar os piores efeitos da perda de biodiversidade e das mudanças climáticas. 

Se cultivados adequadamente, os sistemas naturais têm o potencial de sequestrar até 37% das emissões necessárias para manter a mudança climática global abaixo do limite de 2°C em relação aos níveis pré-industriais (Fonte). Considerando que o ambiente construído é responsável por 40% das emissões de carbono em todo o mundo, as soluções naturais devem ser o foco principal do setor de CRE no futuro (Fonte). 

Em seu documento SBTs for Nature Initial Guidance for Business, a Science Based Targets Network afirma: “Sem ações para deter e reverter a perda da natureza, as projeções de crescimento econômico e as visões de uma vida melhor são impossíveis. O Fórum Econômico Mundial enfatiza esse ponto em seu relatório de 2020, declarando que “Não há futuro para os negócios como sempre”.

A necessidade de ação imediata está fazendo com que as estruturas de relatórios, os investidores e as partes interessadas dêem maior ênfase à materialidade da biodiversidade. 

O Estúdio Letti trabalha para oferecer aos nossos clientes análises e estratégias para mitigar o aquecimento global e criar espaços que diminuam o impacto dos futuros edifícios na biodiversidade local. 

Entre em contato conosco para saber mais sobre como nossos serviços podem colaborar com as políticas de ESG e na redução da perda de biodiversidade.

 

Infraestruturas Verdes: Um investimento estratégico

Esse artigo sobre infraestruturas verdes é uma tradução livre do artigo “Green infrastructure: A strategic investment for climate resilience”, para acessar o original, clique aqui

 

No dia 8 de agosto de 2023, a cidade costeira de Lahaina, no Havaí, foi tragicamente varrida do mapa por um incêndio florestal que ceifou a vida a cerca de 100 pessoas. 

Numa sequência espantosa de acontecimentos, que se desenrolaram em apenas algumas horas, o incêndio incinerou mais de 2000 edifícios e 1000 empresas, destruindo as vidas dos 13.000 residentes permanentes de Lahaina. O incêndio causou danos estimados em 5,5 bilhões de dólares e é o incêndio mais mortífero dos EUA desde 1881.

À medida que o nosso planeta aquece e os impactos das alterações climáticas se intensificam, estes incêndios florestais estão se tornando mais comuns. Entre 1984 e 2015, os Estados Unidos registaram uma duplicação do número de grandes incêndios florestais no Oeste, devido ao calor e à seca induzidos pelas alterações climáticas, segundo dados da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA).

No entanto, há um fator vital que é frequentemente subestimado: o papel das infraestruturas verdes na atenuação dos impactos e na criação de resiliência face aos riscos climáticos. 

Embora as alterações climáticas tenham exacerbado o incêndio de Lahaina, a maior parte dos danos ocorreu devido às gramíneas não nativas, altamente inflamáveis, que crescem nas plantações de cana-de-açúcar abandonadas em redor da cidade. Estas gramíneas cobrem 25% do Havaí e aumentaram drasticamente a frequência, a propagação e a gravidade dos incêndios florestais no estado.

Os cientistas e políticos locais estavam conscientes desta questão, tendo o Governador do Havaí, Josh Green, alertado, apenas sete meses antes do incêndio de Lahaina, a necessidade urgente de um financiamento adequado para a gestão das terras.

Uma das principais questões que se coloca quando procuramos aprender com esta tragédia é: como podemos dar prioridade às infraestruturas verdes para salvar vidas, estruturas e economias de futuras devastações?

Neste artigo, aprofundamos a importância da infraestrutura verde para a resiliência climática no ambiente construído. Nos concentramos nos benefícios da infraestrutura verde para a resiliência climática, nos co-benefícios importantes, nas barreiras para conseguir financiamento e mais conhecimento e nas orientações para o setor imobiliário comercial.

 

O poder das infraestruturas verdes para a resiliência climática no ambiente construído

À medida que enfrentamos os desafios impostos pelas mudanças climáticas e nos preparamos para eventos climáticos mais extremos, devemos reconhecer a infraestrutura verde como um aliado indispensável. 

Num artigo acadêmico de Choi et al. (2021), a infraestrutura verde é definida como “uma rede híbrida de características naturais, seminaturais e artificiais dentro, em redor e para além das áreas urbanas a todas as escalas, que é planejada e gerida para proporcionar múltiplos serviços e benefícios ecossistêmicos”. 

A Comissão Europeia utiliza uma definição semelhante: “Uma rede estrategicamente planejada de áreas naturais e seminaturais com outras características ambientais, concebida e gerida para proporcionar uma vasta gama de serviços ecossistêmicos, aumentando simultaneamente a biodiversidade”. Ambas as definições vão ao cerne do conceito, tornando claro que uma combinação bem pensada de sistemas naturais e artificiais proporciona benefícios reais ao ambiente construído.

No setor imobiliário comercial, a infraestrutura verde é uma ferramenta familiar para gestão das águas pluviais e atenuação da ameaça crescente de inundações. À medida que as alterações climáticas conduzem a inundações mais frequentes e graves, a importância das árvores, da vegetação e das soluções de engenharia ambiental, como os jardins de chuva, continua a aumentar.

Nos últimos anos, o conceito de “cidades esponjas” ganhou força como movimento e prática global. A abordagem centra-se no aproveitamento das qualidades de esponja das infraestruturas verdes para combater as inundações urbanas relacionadas com o clima.

Em Nova Orleans, as estratégias verdes de gestão das águas pluviais têm sido um componente essencial para melhorar a resiliência climática. Como parte da recuperação da cidade das inundações desastrosas que se seguiram ao furacão Katrina em 2005, os residentes e as organizações comunitárias abriram caminho para a criação de infraestruturas verdes que aliviam a pressão sobre as tubulações, bombas e outras infraestruturas de esgoto envelhecidas da cidade durante as tempestades.

Um grupo de organizações comunitárias informou no início de 2023 que os seus projetos de infraestruturas verdes concluídos desde 2013 proporcionam agora quase 6 milhões de dólares americanos em benefícios de regulagem das inundações para as comunidades anualmente, aumentando quase 760.000 litros (760 m³) de capacidade de retenção de águas pluviais.

A infraestrutura verde também pode ser utilizada para descrever os benefícios e serviços que os ecossistemas naturais proporcionam à escala comunitária ou regional (por exemplo, florestas e zonas húmidas). Alguns dos ecossistemas mais poderosos para a adaptação às alterações climáticas incluem florestas, rios e planícies aluviais, lagos e zonas húmidas, dunas de areia e espaços verdes urbanos. Muitos destes ecossistemas possuem também um bom aproveitamento no sequestro de carbono (ou seja, na atenuação das alterações climáticas), sendo a tundra, os prados de algas marinhas, os manguezais e os pântanos salgados os que contêm as maiores reservas de carbono.

Consideremos os manguezais e os ecossistemas costeiros de árvores e arbustos, que não só absorvem carbono, como também atuam como um amortecedor natural entre as tempestades tropicais e as comunidades costeiras. Com uma estrutura aérea de raízes e copas, os manguezais ajudam a evitar danos causados pelas cheias e pelo vento, reduzindo a intensidade das ondas, absorvendo o excesso de água e diminuindo a velocidade do vento. 

Na Flórida, estima-se que os manguezais tenham proporcionado 1,5 bilhões de dólares em proteção contra as cheias provocadas pelo furacão Irma em 2017, reduzindo os danos materiais em cerca de 25% e protegendo mais de 600.000 pessoas.

Para fazer face ao risco crescente de incêndios florestais no Havaí, será fundamental adotar uma abordagem à escala regional das infraestruturas verdes. 

As orientações do Condado de Maui salientam a remoção de gramíneas invasoras e o restabelecimento de ecossistemas nativos, que apresentam naturalmente uma maior resistência ao fogo. Os investigadores estão também explorando a eficácia dos corta fogos verdes (ou faixas verdes) que se concentrariam em espécies nativas, inflamáveis e ricas em água, ajudando a evitar que os incêndios atinjam as zonas urbanas.

Em regiões propensas à seca, as infraestruturas verdes constituem uma defesa vital contra o calor extremo, a principal causa de mortes relacionadas com catástrofes naturais nos EUA. 

No verão passado, Phoenix registou um recorde de 31 dias consecutivos com temperaturas iguais ou superiores a 43°C, prevendo-se que as ondas de calor se agravem.

A Presidente da Câmara, Kate Gallego, salienta o papel crucial das árvores no arrefecimento das ruas e na melhoria da facilidade de circulação. Phoenix tem planos ambiciosos para plantar 20.000 árvores em 25 bairros até 2030, com o objetivo de obter uma cobertura arbórea equitativa em toda a cidade.

Co-benefícios das infraestruturas verdes

Ao contrário da infraestrutura cinza, a natureza viva, crescente e regenerativa da infraestrutura verde abre caminho para uma ampla gama de vantagens além da resiliência climática. Numa revisão de 2021, os investigadores efetuaram uma análise exaustiva dos vários benefícios climáticos da infraestrutura verde e das suas ligações a diferentes co-benefícios. 

A partir desta análise, podemos ver que os co-benefícios da infraestrutura verde abrangem os três pilares da sustentabilidade: ambiental, social e económico. Os co-benefícios ambientais, como a melhoria da resiliência dos ecossistemas, são complementados por benefícios sociais e econômicos relacionados com a qualidade do ar, a saúde e o bem-estar, a estética, a recreação e os custos de gestão dos edifícios.

O “armazenamento e sequestro de carbono” e a “redução do consumo de energia” destacam-se como co-benefícios notáveis das infraestrutura verdes, especialmente no que diz respeito às árvores e florestas. Isto representa uma oportunidade única para as empresas imobiliárias que se esforçam por cumprir os objetivos de emissões de gases de efeito estufa, uma vez que os investimentos em infraestruturas verdes podem criar sinergias entre os objetivos de atenuação do clima, adaptação ao clima e redução de custos. Além disso, alinham-se com objetivos relacionados com a conservação da biodiversidade, o bem-estar dos funcionários e o aumento do valor dos imóveis.

Obstáculos ao financiamento e ao conhecimento

À parte destas sinergias, o financiamento é limitado à escala mundial para apoiar projetos de infraestrutura verdes para a adaptação às alterações climáticas. No contexto do financiamento climático, a terminologia predominante é “soluções baseadas na natureza”, que é um conceito semelhante ao de infraestrutura verde. 

Em 2018 (as estatísticas mais recentes que conseguimos localizar), cerca de 3,8 a 8,7 bilhões de dólares foram investidos em “soluções baseadas na natureza para adaptação”, o que representou apenas 0,6 a 1,4 por cento do total dos fluxos de financiamento climático nesse ano. 

O financiamento privado é especialmente limitado, representando apenas 14% do investimento em soluções baseadas na natureza, em comparação com 86 por cento do financiamento público.

Uma das principais razões para este déficit de financiamento resulta da falta de conhecimentos na avaliação dos custos e benefícios das infraestrutura verdes em comparação com as alternativas de infraestrutura cinzentas. Muitas ferramentas e metodologias de avaliação centram-se nos custos iniciais de construção ao escolher entre abordagens cinzentas e verdes, ignorando assim o ciclo de vida a longo prazo de cada investimento. A infraestrutura verde tem sido bem estudada em termos do seu desempenho biogeofísico, mas a pesquisa está mais atrasada no que diz respeito à contabilização dos benefícios sociais e econômicos, especialmente para projetos de menor escala.

No entanto, novos quadros para integrar de forma mais abrangente as vantagens econômicas da infraestrutura verde nos processos de tomada de decisão estão surgindo. 

Por exemplo, resultados recentes de 2021, que utilizaram a Ferramenta de Avaliação de Ativos Sustentáveis (ferramenta SAVi) desenvolvida pelo Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável, revelam que a infraestrutura verde pode ser até 50% menos dispendiosa do que a infraestrutura cinzenta, ao mesmo tempo que proporciona quase 30% mais valor a longo prazo.

Olhando para o futuro, é importante não deixar que a complexidade da valorização da natureza impeça a adoção de mais infraestruturas verdes. As lições retiradas de catástrofes como o incêndio de Lahaina sublinham o verdadeiro valor das infraestruturas verdes. Muitas vezes, essas lições só se tornam evidentes após a ocorrência de uma catástrofe, quando os danos já foram feitos.

Em retrospectiva, o argumento econômico a favor das infraestruturas ecológicas no Havaí é extremamente evidente. O climatologista da Universidade do Havaí, Camillo Mora, refere que a gestão das gramíneas invasoras, que desempenharam um papel na devastação de Lahaina, poderá ultrapassar bilhões de dólares em custos. 

Este valor é quase 20 vezes superior aos 49 milhões de dólares de financiamento estatal e federal atribuídos este ano à conservação dos recursos naturais e à proteção contra incêndios no Havaí. No entanto, esta despesa é insignificante quando comparada com os 5,5 bilhões de dólares necessários apenas para a reconstrução de Lahaina, uma das muitas comunidades havaianas em risco de incêndios florestais.

Conclusões para o setor imobiliário comercial

Desde a instalação de telhados verdes até à recuperação dos ecossistemas locais, as infraestruturas verdes oferecem aos proprietários de imóveis uma gama de soluções versáteis e rentáveis para atenuar proativamente os riscos financeiros relacionados com o clima (por exemplo, danos físicos nos ativos, interrupção das operações comerciais e aumento dos prêmios de seguro).

Para proteger as propriedades e os ocupantes do agravamento dos impactos climáticos, os proprietários devem começar com uma avaliação de resiliência para avaliar a vulnerabilidade aos riscos climáticos e identificar as estratégias de infraestruturas verdes mais eficazes para a adaptação às alterações climáticas. Estas estratégias podem consistir na plantação de árvores de sombra para combater o calor extremo ou na instalação de jardins de chuva para atenuar as inundações.

Além disso, é crucial criar um argumento comercial convincente para os projetos de infraestruturas verdes. Estes projetos devem ser avaliados em termos dos seus custos de instalação a curto prazo, bem como dos co-benefícios ambientais, sociais e econômicos adicionais a longo prazo.

Para o setor imobiliário comercial, um benefício significativo da infraestrutura verde é a melhoria da saúde e do bem-estar, uma vez que a proximidade com a natureza pode aumentar a criatividade, o relaxamento e a produtividade dos ocupantes do edifício. Além disso, o impacto positivo da natureza na saúde humana e na estética pode traduzir-se em valores de propriedade e renda mais elevados. Por exemplo, o complexo de apartamentos 888 Hope da CIM em Los Angeles exala ecologia urbana com os seus parques privados – uma caraterística que se tornou um ponto de venda fundamental para a comunidade.

infraestruturas verdes - 888 Grand Hope Park
888 no Grand Hope Park – Los Angeles

Para ajudar no planeamento de soluções de infraestrutura verde no seu portfólio, recomendamos que entre em contato conosco através deste link para ajudarmos a aplicar os conceitos e boas práticas descritas pelas normas de sustentabilidade. 

Alguns recursos que vale a pena rever incluem o U.S. EPA’s Green Infrastructure Cost Benefit Resources, o relatório de 2017 do Urban Land Institute “Harvesting the Value of Water: Stormwater, Green Infrastructure, and Real Estate”, e o relatório de 2013 do Natural Resource Defense Council “The Green Edge: How Commercial Property Investment in Green Infrastructure Creates Value”.

 

AVAC – As inovações revolucionárias em sistemas de ar-condicionado

Nos últimos anos, testemunhamos uma evolução notável no campo de Sistemas de Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado (AVAC). À medida que as preocupações ambientais e a busca por eficiência energética ganham destaque, as inovações nesse setor têm se multiplicado, prometendo não apenas conforto térmico, mas também sustentabilidade e economia. 

Neste artigo, exploraremos algumas das mais importantes inovações em AVAC que estão moldando o presente e o futuro.

Sensores Inteligentes e Automação

Uma das tendências mais marcantes é a integração de sensores inteligentes nos sistemas de AVAC. Esses dispositivos são capazes de monitorar continuamente as condições ambientais, ajustando automaticamente a temperatura e a ventilação para otimizar o conforto e minimizar o consumo de energia. 

Imagine um sistema que aprende com os padrões de ocupação, adaptando-se de forma inteligente às necessidades específicas de cada ambiente. Isso já é realidade nos sistemas de ar condicionados.

Refrigeração Magnética

A refrigeração magnética emerge como uma alternativa revolucionária aos métodos tradicionais. Essa tecnologia utiliza ímãs para criar mudanças na temperatura através do efeito magnetocalórico (ou magnéticocalórico – MCE), eliminando a necessidade de refrigerantes que podem aumentar o aquecimento global e danificar a camada de ozônio. Além de ser mais sustentável, a refrigeração magnética é mais eficiente, proporcionando uma refrigeração mais rápida e econômica.

avac magnético

Tecnologia de Resfriamento Radiante

Outra inovação notável é a tecnologia de resfriamento radiante, que utiliza painéis instalados no piso, paredes ou teto para transferir calor por radiação. Esse método oferece uma distribuição mais uniforme de temperatura, reduzindo a necessidade de grandes quantidades de ar condicionado e dutos. Além disso, o resfriamento radiante consome menos energia, resultando em benefícios econômicos e ambientais.

Sistemas Híbridos e Energias Renováveis

A combinação de sistemas de AVAC com fontes de energia renovável está transformando a maneira como pensamos sobre o consumo de energia. A integração de painéis solares, sistemas geotérmicos e outras fontes sustentáveis reduz a pegada de carbono desses sistemas, contribuindo para edifícios mais verdes e eficientes.

Conclusão

À medida que nos aproximamos de um futuro cada vez mais focado na sustentabilidade, as inovações em AVAC desempenham um papel crucial na criação de ambientes internos mais confortáveis com menor uso de energia. 

Sensores inteligentes, refrigeração magnética, resfriamento radiante e a integração de energias renováveis estão moldando uma nova era para esses sistemas, proporcionando não apenas inovação tecnológica, mas também uma abordagem mais responsável em relação ao meio ambiente. Estamos no limiar de uma revolução no conforto ambiental, onde a eficiência e a sustentabilidade se tornam sinônimos do bem-estar moderno.

Para mais informações sobre esse e outros sistemas sustentáveis, entre em contato conosco!