LEED Platinum – O que aprendemos em 2 projetos

Hoje vamos falar de dois projetos nos quais trabalhamos que obtiveram a certificação LEED Platinum, o mais alto nível de sustentabilidade.

Para alcançar a certificação LEED Platinum, um edifício deve obter uma pontuação muito alta em várias categorias, como eficiência energética, uso de materiais sustentáveis, qualidade ambiental interna, uso racional da água e inovação no design.

Dos 936 projetos aprovados LEED no Brasil, apenas 11% obtiveram o nível máximo, ou seja,  são LEED Platinum. Na Argentina, onde estes dois projetos foram construídos, dos 167 projetos certificados, apenas 5 obtiveram o nível máximo.

Nós, no Estúdio Letti, temos como objetivo assessorar escritórios de arquitetura, incorporadoras e proprietários que desejam projetar e executar edifícios sustentáveis, e nestes 8 anos de existência já colaboramos em alguns projetos que obtiveram o nível máximo.

Sobre Certificação LEED Platinum

LEED é uma certificação concedida pelo U.S. Green Building Council (USGBC) para edifícios que atendem a critérios rigorosos de sustentabilidade e eficiência energética. O significado da sigla é Leadership in Energy and Environmental Design – Liderança em Energia e Design Ambiental, que é um sistema de classificação amplamente reconhecido internacionalmente para avaliar o desempenho ambiental e a sustentabilidade de edifícios.

Para alcançar a certificação LEED Platinum, um edifício deve obter uma pontuação muito alta, pelo menos 80 pontos dos 110 disponíveis, em várias categorias, como eficiência energética, uso de materiais sustentáveis, qualidade ambiental interna, uso racional da água e inovação no design. 

Essa pontuação é determinada por uma avaliação detalhada de vários aspectos do projeto e da construção do edifício, desde o seu planejamento até a sua operação.

Os edifícios certificados LEED Platinum representam o mais alto nível de compromisso com a sustentabilidade e a responsabilidade ambiental na construção. Eles são projetados para minimizar seu impacto ambiental ao longo de seu ciclo de vida, desde a sua construção até a sua operação diária.

Esses edifícios frequentemente incorporam tecnologias inovadoras e práticas de design que visam reduzir o consumo de energia, conservar recursos naturais e criar ambientes internos saudáveis e produtivos para seus ocupantes.

Os Cases do Estúdio Letti

Multinacional de Bebidas Não-Alcóolicas *

LEED Platinum - Coca

O primeiro projeto LEED Platinum do qual trabalhamos foi um edifício de escritórios corporativos, localizado na zona norte de Buenos Aires (CABA). O cliente, a maior fabricante de bebidas não alcoólicas do mundo, tinha como premissa principal: ser o edifício mais sustentável da Argentina. 

Essa premissa guiou o escritório de arquitetura e, posteriormente, todos os demais projetistas. 

Inicialmente o escritório de arquitetura apresentou três volumes de edificação, os quais foram simulados para análises de energia, quantidade de área vidrada, localização da coluna de serviços (banheiros, escadas, shafts), acesso de luz natural, análise de ventos na praça exterior e custos de manutenção, em especial a limpeza de fachadas.

Uma vez definida a volumetria com melhor pontuação LEED, partiu-se para as premissas de projeto que cada disciplina deveria seguir.

Após algumas iterações de projeto e simulação, o projeto de detalhamento foi realizado com todas as premissas incorporadas.

Às empresas construtoras e instaladoras foram contratadas já sabendo dos requisitos LEED.

Desafios e Sucessos

O maior desafio foi convencer os escritórios de projeto e arquitetura que o processo de design deveria ser matricial, onde todas as disciplinas devem estar envolvidas e comunicadas, onde a decisão de uma impacta na outra, e não linear, onde um projetista entrega seu projeto ao seguinte até ter uma versão “compatibilizada”.

Também foi um desafio ajudar as empresas instaladoras a encontrar fornecedores e equipamentos na Argentina com tecnologia que atendesse aos requisitos do LEED, pois no momento da construção havia barreiras alfandegárias no país.

A área da sustentabilidade que foca em Materiais e Recursos foi onde houve a maior dificuldade de pontuação, pois fornecedores locais ainda não tinham as certificações e testes comprovando que seus produtos possuem conteúdo reciclado ou materiais renováveis, como o bambu.

Um dos pontos mais importantes para o sucesso deste projeto foi a motivação do dono, que exigia um projeto que proporcionasse conforto ambiental aos seus funcionários, tanto térmico, visual, vistas de qualidade ao exterior e uma qualidade do ar superlativa. 

Tudo isso resultou em um edifício que permite longas horas de trabalho sem que se sinta enclausurado, de baixo consumo energético e hídrico.

Pontuação LEED

Terrenos Sustentáveis 23 de 26 pontos

Eficiência Hídrica 10 de 10 pontos

Energia e Atmosfera 29 de 35 pontos

Materiais e Recursos 6 de 14 pontos

Qualidade Ambiental do Ar Interior 13 de 15 pontos

Inovação e Design 6 de 6 pontos

Prioridade Regional 4 de 4 pontos

Pontuação Total 91 de 110 pontos

* por questões contratuais, o nome do cliente será ocultado.

La Segunda Seguros

LEED Platinum - La Segunda

A poucos quilômetros da cidade de Rosário, na Argentina, este projeto conta com um edifício corporativo principal com telhados verdes, grandes estruturas de painéis fotovoltaicos nas fachadas que também funcionam como brises, e outros 5 galpões que funcionam como apoio logístico da empresa. O campus, de 15 hectares, possui 33.000 m2 construídos.

Este é o primeiro LEED Platinum para uma empresa de serviços e também o primeiro no interior do país.

Um dos edifícios utiliza energia geotérmica para economizar o consumo de ar condicionado e também utiliza um sistema de resfriamento por piso refrescante, no verão, e piso aquecido no inverno.

Os telhados verdes permitem estabilizar a temperatura no interior dos edifícios, diminuindo a necessidade do uso de ar condicionado, acesso aos mesmos para momentos de lazer e descanso, assim como nas áreas verdes do térreo.

O complexo ainda conta com planta potabilizadora de água, reutilização de água de chuva e estações de separação de resíduos.

A vegetação existente antes do desenvolvimento foi mantida na sua maior parte, e 85 árvores nativas foram transplantadas, ou plantadas.

Desafios e Sucessos

Assim como no projeto anterior, um grande desafio foi conseguir fornecedores para materiais e equipamentos em um momento de crise financeira do país, e mão-de-obra especializada fora do grande centro comercial e industrial da Argentina.

No entanto, com o compromisso da empresa proprietária do campus e, com a equipe de arquitetos projetistas e arquitetos que gerenciam a obra, foi possível obter o nível máximo da certificação neste campus, que hoje se tornou símbolo de sustentabilidade e inovação na região de Rosário, com baixo consumo energético e hídrico.

Pontuação LEED

Terrenos Sustentáveis 19de 26 pontos

Eficiência Hídrica 10 de 10 pontos

Energia e Atmosfera 31 de 35 pontos

Materiais e Recursos 3 de 14 pontos

Qualidade Ambiental do Ar Interior 11 de 15 pontos

Inovação e Design 5 de 6 pontos

Prioridade Regional 4 de 4 pontos

Pontuação Total 83 de 110 pontos

Lições aprendidas

Levando em consideração os mais de 50 projetos certificados LEED nos quais participamos, e comparando com os que obtiveram o nível máximo, incluindo estes dois, aprendemos que o que faz com que um projeto seja LEED Platinum é a motivação do dono do projeto e que a assessoria de sustentabilidade, análise energética e análise hídrica, entrem em etapas preliminares do projeto, dando diretrizes de sustentabilidade a todas as disciplinas.

Desta forma, o arquiteto saberá que seu projeto deverá incorporar estratégias passivas para aproveitamento de iluminação natural ao mesmo tempo que evitará a entrada de calor no verão.

Os projetistas complementares deverão pensar seus projetos com o menor custo possível, mas com um ótimo rendimento energético e com conforto aos ocupantes.

Para saber como podemos ajudar nos seus futuros projetos, entre em contato conosco através do e-mail [email protected]

Os benefícios dos vidros de alto desempenho energético

O vidro tem sido um material desejável para a humanidade desde que foi feito pela primeira vez por volta de 500 a.C e para nós, do Estúdio Letti, é um dos tópicos mais importantes nas nossas análises para edifícios de alto desempenho energético e térmico. 

Por ser um dos materiais mais versáteis e antigos na indústria da construção, hoje em dia, o número de clientes que preferem o vidro está aumentando, devido a vantagens como a capacidade de transmitir até 80% da luz natural disponível, a aparência brilhante e a resistência às intempéries, podendo suportar diversos fatores como sol, vento, chuva, além de resistir à corrosão devido a efeitos químicos ou ambientais, mantendo sua aparência e integridade ao mesmo tempo. 

Porém, associado a isso, a desvantagem do vidro é que ele possui alta transparência térmica e ele absorve calor e pode agir como uma estufa, portanto ele deve ser muito bem escolhido nos climas quentes, como o nosso. 

Nos tempos modernos, os edifícios de escritórios são caracterizados por serem “transparentes”. Uma fachada envidraçada tem muitos efeitos em termos de impacto energético, como aumento do custo operacional devido ao alto ganho de calor solar.

O nosso objetivo, nas consultorias de análise energética que prestamos, é colaborar na escolha das fachadas para aumentar a eficiência energética, identificando os parâmetros ideais para a envoltória em termos de luz natural, redução do som e consumo de energia, além de aumentar o conforto dos ocupantes.

E isso é apenas o começo. Há outros benefícios que iremos indicar ao longo deste artigo. 

Este é um guia repleto de informações com o intuito de explicar algumas questões sobre essa fantástica solução da engenharia moderna.

O que são os vidros de alto desempenho energético?

Vidro de alto desempenho energético é o termo usado para descrever o envidraçamento que consiste em dois ou mais painéis de vidro em um conjunto hermeticamente selado. Isso inclui janelas com vidros duplos e triplos.

Os vidros são classificados de acordo com a sua capacidade em reduzir a quantidade de calor que pode passar por ele, da luz solar de atravessá-lo e do ar de se movimentar pela unidade.

Geralmente, o envidraçamento com a classificação mais alta de acordo com a eficiência é feito com vidro de baixa emissividade, que tem um revestimento especial na superfície de um dos painéis de vidro, permitindo a passagem da luz e refletindo o calor.

O que há entre os painéis de vidro insulado?

Esse é um ponto fundamental no entendimento do envidraçamento eficiente.

Vidro insulado é o vidro duplo completamente vedado e com espaçamento entre dois painéis de vidro, com ar ou outro gás, limita a quantidade de calor que pode passar.

Esse espaço entre os painéis é preenchido com ar ou gás, como argônio, criptônio ou xenônio. Esses gases ajudam a reduzir a troca de calor pela unidade. Quando um gás como o argônio – que tem baixa condutividade – é usado nesse espaço, a janela é ainda mais eficiente e também interfere nas ondas sonoras de dentro ou de fora, reduzindo a poluição sonora.

Os vidros insulados também têm uma faixa entre os vidros, feita de metal ou polímero. Essa tira é chamada de espaçador, que pode conter um agente secante que lida com qualquer umidade que fique presa no espaço entre as folhas de vidro. E esquadrias mais eficientes possuem uma ruptura de ponte térmica, evitando que o calor passe pelo material da esquadria.

O tipo de material de moldura utilizado

Assim como o vidro em si, o material da moldura usado em janelas e portas com eficiência energética também é importante para aumentar a eficiência energética.

Há várias opções aqui:

  • O PVC-U tem muitos benefícios, inclusive a longevidade do desempenho (geralmente 20 anos ou mais) e é reciclável.
  • As estruturas de madeira são ecologicamente corretas e geralmente são especificadas para propriedades residenciais, em que o uso de materiais originais é necessário, como as que estão em uma área de conservação.
  • As estruturas  de alumínio são uma opção moderna e ecologicamente correta porque a geração do material é de baixo impacto, reciclável e a aparência elegante das esquadrias é desejável.

As molduras compostas são compostas de uma combinação de madeira e alumínio ou plástico.

Os benefícios dos vidros de alto desempenho energético

Aqui chegamos na parte que mencionamos no início do texto: o grande leque de benefícios dos vidros de alto desempenho energético.

Além desses que listamos, vale salientar que o número de benefícios vem aumentando constantemente à medida que a tecnologia e as técnicas de construção avançam e nossa consciência ecológica aumenta.

Os principais benefícios incluem:

Melhoria da eficiência energética

Os vidros de alto desempenho podem fazer parte de uma gama mais ampla de medidas de economia de energia. Se o edifício possui uma envoltória eficiente, com pouca infiltração e um sistema de ar condicionado eficiente, todos eles podem trabalhar juntos para reduzir a quantidade de energia necessária para condicionar o edifício. Como consequência, as contas de energia serão mais baixas e uma pegada de carbono reduzida.

Redução da poluição sonora

Os vidros duplos e triplos vedados podem ser eficazes na redução de ruídos de média a alta frequência, criando um ambiente mais confortável, privado e tranquilo.

Isolamento térmico aprimorado

Vidros de alto desempenho podem ajudar a manter os espaços mais quentes no inverno e mais frescos no verão. O espaço de ar ou gás entre os painéis de vidro em um vidro insulado fornece uma camada extra de isolamento. Essa maior resistência térmica reduz a quantidade de calor que pode entrar no edifício nos dias mais quentes e reduzir o calor por radiação solar. 

Redução da condensação

As janelas e portas de alto desempenho ajudam a reduzir o risco de condensação, que ocorre quando uma superfície fria e o ar úmido se encontram. A umidade resultante pode danificar a esquadria e, se a condensação for particularmente alta, pode até afetar a qualidade do ar.

Segurança e proteção

Como há dois ou mais painéis em vez de um, as janelas com vidros de alto desempenho oferecem uma barreira mais segura contra a entrada de pessoas indesejadas do que uma janela com um único vidro. O nível de segurança pode ser aprimorado ainda mais escolhendo tipos de processos diferentes para os painéis do lado exterior e interior, como laminado com PVB.

Economia de custos

Embora sejam mais caros, a instalação de vidros de alto desempenho pode economizar dinheiro a longo prazo, pois reduz a quantidade de energia necessária para condicionar o edifício.

O custo de projeto e construção de um edifício representa 15% do custo total deste edifício ao longo de sua vida útil, sendo que os 85% restantes são custos de uso e operação (água e energia), reformas e atualizações dos sistemas e adaptação para reuso. Por isso é importante escolher um vidro de alto desempenho, para evitar o custo adicional na conta de luz de cada mês.

Além disso, em um projeto com estudos energéticos, é possível contrarrestar o custo adicional do vidro com um sistema de ar condicionado menor, devido à menor transferência de calor dos vidros.

Um ambiente de vida mais confortável

O menor ingresso de calor, além da redução de ruídos, contribui para a sensação de um escritório muito mais confortável e com melhor rendimento aos funcionários.

Aumento do valor do imóvel e diminuição da taxa de vacância

Fazer melhorias para economizar energia no seu edifício tem o potencial de aumentar o seu valor. Os possíveis compradores e inquilinos estão cada vez mais conscientes e exigentes em relação às suas políticas de ESG. 

Há estudos de GBC Brasil que mostram que edifícios LEED que requerem estudos de energia, sendo o vidro o principal sistema passivo de redução de energia, além de reduzir o consumo, também diminuem a vacância (redução de 9% em SP e 7% no RJ) e aumentam o valor médio do aluguel do metro quadrado em projetos AAA (de R$ 98,41 para R$ 136,54 – quase 40%).

Conclusão

A eficiência energética é um tema crucial nos edifícios modernos, e os vidros desempenham um papel central nesse contexto. Ao longo deste texto, tentamos expor de maneira resumida os diversos benefícios dos vidros de alto desempenho energético, desde a redução do consumo de energia até o aumento do conforto dos ocupantes e a valorização dos imóveis.

É evidente que a escolha cuidadosa dos materiais, incluindo o tipo de vidro e a esquadria utilizada, pode ter um impacto significativo não apenas nos custos operacionais do edifício, mas também na qualidade de vida dos seus usuários e na sua sustentabilidade ambiental.

Portanto, ao considerar a implementação de medidas para aumentar a eficiência energética em edifícios, os vidros de alto desempenho energético surgem como uma excelente solução, proporcionando benefícios tangíveis tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental. Sua adoção reflete um compromisso com a sustentabilidade, conforto e, também, com a criação de espaços que promovem o bem-estar e a produtividade.

Para conhecer o impacto que o vidro pode ter no custo inicial do seu projeto e no futuro consumo do seu edifício, entre em contato conosco para uma simulação energética! Clique aqui.

Benefícios da reutilização da água cinza no paisagismo

Você sabe o que é água cinza? O nome não é muito convidativo, mas se trata de um elemento muito importante quando falamos de sustentabilidade. Neste artigo, vamos apresentar este conceito e trazer alguns benefícios em torno dele.

O que é água cinza?

Bom, primeiro precisamos entender exatamente o que é água cinza. E vamos direto ao ponto. É a água residual de máquinas de lavar, chuveiros, banheiras e pias. Ela foi usada levemente e pode conter sabão, cabelo, sujeira ou bactérias, mas é limpa o suficiente para regar as plantas. 

Em alguns lugares, a água da pia da cozinha é considerada água cinza, enquanto em outros lugares é classificada como “água negra”, como a do vaso sanitário. 

Água cinza (tratada ou não tratada) não é o mesmo que água reciclada, que é uma água residual altamente tratada de uma estação de tratamento centralizada. 

Benefícios da água cinza

A reutilização desta água é um componente importante das práticas sustentáveis para redução do consumo de água e há muitos benefícios em usar água cinza em vez de água potável, especialmente para irrigação.

O uso deste recurso pode:

  • Diminuir o uso de água potável em 16% a 40%, dependendo do local e do projeto do sistema. 
  • Diminuir o valor das contas de água e de esgoto.
  • Diversificar o abastecimento de água municipal e fornecer uma fonte alternativa de água para irrigação, reservando a água tratada para necessidades de maior qualidade.
  • Reduzir as necessidades de energia e produtos químicos usados para tratar as águas residuais.

Outro benefício do uso de água cinza é que ela aumenta a conscientização sobre nossas fontes de abastecimento de água, ajudando-nos a entender de onde vem a água que consumimos e para onde ela vai. 

Parece um detalhe não muito importante, mas estar ciente de nosso abastecimento de água nos incentiva a escolher produtos mais saudáveis e a nos envolver com o meio ambiente. 

Ao reutilizá-la, nós economizamos recursos hídricos para outros seres vivos.

O uso de água cinza como recurso, harmonizado com o uso da água no paisagismo, coleta de água da chuva e banheiros secos, nos ajudam a reduzir a dependência da água importada e proteger nossas bacias hidrográficas.

Noções básicas sobre água cinza

A água cinza é uma fonte única de água e deve ser usada de forma diferente da água potável ou da água da chuva. Aqui estão algumas diretrizes básicas para o uso de sistemas  residenciais:

  • Não armazene esta água por mais de 24 horas. Se você armazenar, os nutrientes nela contidos começarão a se decompor e a gerar maus odores.
  • Minimize o contato com a água cinza. Ela pode conter agentes patogênicos.Todos os sistemas devem ser projetados para que a água seja absorvida pelo solo e fique fora do alcance de animais e pessoas.
  • Infiltre a água cinza no solo: não permita a estagnação ou o escoamento. Você precisa saber a rapidez com que a água é absorvida pelo solo para projetar um sistema adequado. A água cinza estagnada oferece oportunidades para a reprodução de mosquitos, bem como contato com animais e seres humanos.
  • Mantenha seu sistema o mais simples possível. Os sistemas duram mais, exigem menos manutenção, usam menos energia e custam menos. 
  • Tenha em mente que os sistemas de bombas e filtros exigem um compromisso maior e manutenção constante. 
  • Instale uma válvula de desvio em um local conveniente para permitir a troca fácil entre o sistema de água cinza e o esgoto ou sistema séptico.
  • Ajuste a quantidade de água diretamente de acordo com as necessidades de irrigação de suas plantas.

Conclusão

A reutilização das águas cinzas no paisagismo é uma prática altamente vantajosa do ponto de vista da sustentabilidade e conservação dos recursos hídricos. 

Mais do que simplesmente utilizar água de maneira mais eficiente, essa prática nos conecta com nossas fontes de água, incentivando escolhas mais conscientes e uma maior interação com o meio ambiente. 

Assim como todas as estratégias de sustentabilidade, o reuso de águas cinzas, em especial para irrigação, é uma forma fácil e inteligente de utilizar os recursos naturais, mas é crucial seguir diretrizes específicas para o uso responsável da água cinza, garantindo sua aplicação segura e eficaz no paisagismo residencial.

Se você quer saber mais sobre o uso de águas cinzas em seu projeto e como isso pode somar para que seu edifício seja mais sustentável, entre em contato conosco no e-mail [email protected] ou clique aqui.

As 3 principais soluções do Estúdio Letti

O nosso blog existe para compartilhar ideias, informações e acontecimentos sobre diversos temas ligados à sustentabilidade, meio ambiente e eficiência energética. Esses temas são fundamentais para nós, pois estão dentro do contexto em que atuamos. 

Hoje, queremos compartilhar um pouco de quem somos e as nossas soluções, que de alguma forma contemplam todos os assuntos que compartilhamos por aqui.

O que é o Estúdio Letti

O Estúdio Letti é uma empresa de consultoria para projetos e construção de edifícios, especializada em certificações de sustentabilidade, eficiência energética, comissionamento de sistemas e assessoria de projetos complementares para incorporadoras e construtoras, médias e grandes empresas nacionais e multinacionais e para escritórios de arquitetura e engenharia.

Os nossos clientes, e os arquitetos, engenheiros civis, gerentes de ESG e diretores  diretores de sustentabilidade geralmente nos procuram quando:

  • necessitam conhecer e identificar qual a melhor certificação para a sua edificação;
  • querem adequar suas edificações às normas de sustentabilidade para atender as diretrizes da matriz ou de inquilinos atuais ou futuros;
  • querem se adequar e obter certificados de sustentabilidade para edificações para se manterem atualizados no mercado e alinhados com seus valores e políticas de ESG;
  • precisam de profissionais extremamente qualificados e com experiência em diversos projetos para execução de demandas pontuais;
  • necessitam melhorar o desempenho energético do seu edifício;
  • necessitam minimizar os riscos e aditivos de obras para projetos mais complexos;
  • precisam de um parceiro que acompanhe o projeto da etapa conceitual, executiva, instalação até a operação do edifício, de maneira extremamente consultiva.

Normalmente nossos clientes nos contratam quando vão construir um edifício mais sustentável ou com melhor desempenho energético, mas também trabalhamos com consultoria para empresas de arquitetura e engenharia que não possuem profissionais especializados no seu escritório.

  • Nossos clientes se sentem satisfeitos com nossos serviços e nos recomendam para seus pares pois temos um modelo próprio de atuação:
  • Garantimos velocidade no atendimento aos clientes, em todas as etapas do projeto e construção, seja de forma online ou presencial.
  • Entregamos reportes periódicos sobre os avanços das diferentes etapas dos projetos e relatório final com recomendações objetivas.
  • Somos formados por uma equipe multidisciplinar, com certificados internacionais, que agrega ao cliente com experiência adquirida em mais de 40 projetos certificados ao longo de mais de          10 anos no mercado.
  • Proporcionamos um atendimento personalizado ao cliente e toda a sua equipe de projeto e obras, com contato direto com todos os envolvidos para diminuir erros e riscos de aditivos durante      a construção.
  • Realizamos consultoria pontual para empresas de projeto de arquitetura e engenharia, garantindo entregas de alta qualidade e disseminando conhecimento entre a sua equipe fixa.

É um compromisso que assumimos com nossos clientes. Como se nossa existência dependesse do seu sucesso no projeto.

Assessoria de sustentabilidade

Prestamos assessoria de sustentabilidade às equipes de projetos de edifícios que estão buscando as certificações mais importantes no mundo (LEED e EDGE) e no Brasil (GBC Casa, GBC Condomínio). Trabalhamos integrando todas as disciplinas do projeto desde sua concepção, construção e operação.

Quais são os benefícios de certificar edifícios sustentáveis (Green Buildings):

  • Validação por terceiros dos feitos de sustentabilidade
  • Maximizar as eficiências de operacionais (redução de custo de operação)
  • Fornecer benchmarking e verificação eficientes
  • Melhorar a qualidade ambiental interna
  • Relações públicas positivas e maior comercialização

 

LEED

A principal plataforma utilizada para green buildings ou edifícios verdes, com mais de 170 mil m² certificados diariamente.

Fizemos um texto bem legal sobre alguns benefícios do certificado LEED. Para ler, basta clicar aqui.

GBC Casa e Condomínio

Projetar, construir e operar condomínios residenciais com alto desempenho e práticas sustentáveis, utilizandos os padrões construtivos brasileiros.

EDGE

Sistema de certificação de edifícios eco-eficientes visando tornar os edifícios mais eficientes em termos de recursos

Simulação Computacional

Através da simulação computacional buscamos descrever o comportamento do edifício com modelos matemáticos, prevendo situações e estimando consumo, carga térmica, iluminação e ventilação artificial e natural. Desta forma, podemos propor soluções de melhoria.

Estudo de eficiência energética

Através deste estudo, buscamos otimizar os sistemas passivos e ativos da edificação para que eles possam desenvolver as mesmas funções, com um investimento inicial e custos de operação consideravelmente menores.

Simulação termo-energética

Através destas simulações buscamos prever o conforto térmico e os consumos energéticos de um edifício através da análise sinergética entre as distintas disciplinas. Estas simulações são um requisito obrigatório para a certificação LEED.

Explicamos mais profundamente esse conceito em outro post aqui no blog. Clique aqui para acessá-lo.

Simulação de iluminação (natural e artificial)

Através destas simulações, podemos auxiliar à equipe de projeto na escolha de vidros, elementos de sombra, porcentagem de abertura da fachada e conforto lumínico dos usuários, reduzindo o ofuscamento e melhorando a autonomia lumínica.

Comissionamento de Sistemas

Com este serviço, buscamos auxiliar o cliente no processo de planejamento, documentação e acompanhamento dos projetos de sistemas (AVAC, hidráulica, elétrica, iluminação e automação), execução e operação do edifício, para que seu edifício seja funcional e opere com as melhores práticas de sustentabilidade e menor custo.

Falamos mais sobre esse tema em um artigo exclusivo aqui no blog. Para acessá-lo, clique aqui.

Fale Conosco

Esperamos que esse texto tenha tirado algumas dúvidas sobre o nosso trabalho. Para entrar em contato conosco, basta clicar aqui! Vamos adorar fazer o seu projeto sustentável!

 

 

 

Biodiversidade – O ponto cego da estratégia ESG

A perda de biodiversidade ameaça os ecossistemas, as economias e os modos de vida, ao mesmo tempo que compromete os atuais esforços para mitigar as alterações climáticas. Sendo assim, fica claro que esse é um dos pontos fundamentais e que precisam entrar urgentemente nas pautas da estratégia ESG, para garantir um planeta saudável e prosperidade para humanidade.

Fizemos a tradução livre do artigo da Verdani, que tem feito uma série muito interessante sobre o tema. Hoje vamos trazer uma parte desta série, retirada deste link original.

As prioridades precisam mudar

As principais prioridades da ESG no setor imobiliário comercial tem se concentrado nas alterações climáticas e na corrida para o net zero. Embora estas iniciativas sejam importantes, chegamos em uma encruzilhada. Não só a continuação do caminho atual se revela ineficaz, como os progressos realizados até agora serão prejudicados se não abordarmos um ponto cego significativo: a perda de biodiversidade.

A biodiversidade e os numerosos serviços que dela dependem são fundamentais para a vida na Terra, especialmente para os seres humanos. No entanto, a biodiversidade está diminuindo num um ritmo alarmante, ameaçando os ecossistemas e agravando as alterações climáticas. 

A relação entre as alterações climáticas e a biodiversidade torna-se cada vez mais clara que uma não pode ser remediada sem a outra. De fato, algumas das medidas mais eficazes e econômicas para combater as alterações climáticas provêm da própria natureza.

Considerando que o ambiente construído é responsável por 30% da perda global de biodiversidade, é fundamental que o setor imobiliário comercial aborde seus impactos e dependências com relação à natureza(Fonte). 

As empresas têm não apenas um papel importante a desempenhar, mas uma oportunidade extraordinária de deter a perda de biodiversidade, regenerar a natureza e criar modelos de negócios positivos para a natureza como líderes em ESG. 

No final deste ano (o texto foi escrito em 2022 – aqui está o resultado da reunião), a segunda reunião da Conferência da ONU sobre Biodiversidade (CBD COP-15) deverá ocorrer em Kunming, na China. Serão tomadas decisões sobre uma nova Estrutura Global de Biodiversidade pós-2020, que deverá exigir ações urgentes e transformadoras com relação à biodiversidade. Para nos prepararmos para essas mudanças e criarmos estratégias de ESG mais progressivas, holísticas e eficazes, precisamos começar a entender a biodiversidade e sua importância.

biodiversidade gráfico 1

Porque a biodiversidade é fundamental para a vida

A biodiversidade é a variedade de vida na Terra. Engloba toda a vida – bactérias, fungos, plantas, animais e seres humanos. A biodiversidade pode também se referir aos processos evolutivos, ecológicos e culturais de que a vida necessita para sobreviver e prosperar (Fonte). 

Estes processos são fundamentais não só para um planeta resiliente, como também fornecem muitos benefícios ecossistêmicos de que os seres humanos dependem, incluindo serviços de provisionamento, regulação, cultural e de apoio.

Provisionamento 

Os serviços de provisionamento, ou de fornecimento, são recursos tangíveis que podem ser extraídos do meio ambiente, como alimentos, abrigo, medicamentos, roupas e combustível. A queima de petróleo, carvão e gás natural, no entanto, está contribuindo para a mudança climática e prejudicando a capacidade dos ecossistemas de continuar fornecendo recursos essenciais.

Regulação 

Esses serviços regulam os fenômenos naturais e proporcionam benefícios que incluem o ciclo de nutrientes, a polinização, o controle da erosão e das inundações, a purificação da água, o controle de doenças e a regulação do clima(Fonte). 

Os fungos decompõem a matéria orgânica e fornecem nutrientes às plantas; os insetos polinizam as plantas e sustentam os sistemas alimentares; as raízes das árvores fixam o solo e evitam a erosão; e as florestas e os pântanos absorvem carbono e ajudam a regular o dióxido de carbono atmosférico. Um ecossistema próspero, portanto, purifica, protege e promove a vida.

Cultural 

Da recreação ao esclarecimento espiritual e à subsistência, o mundo natural molda a identidade cultural da humanidade. Atualmente, cerca de 1,3 bilhão de pessoas em todo o mundo dependem das florestas para seu modo de vida (Fonte) e aproximadamente um bilhão de pessoas são sustentadas, direta ou indiretamente, pelos recifes de corais (Fonte). Quando os ecossistemas prosperam, o mesmo acontece com as sociedades.

Apoio 

Fundamentais para os outros serviços ecossistêmicos, os serviços de apoio fornecem as funções e os processos que possibilitam a vida na Terra, como a fotossíntese, a criação do solo, o ciclo de nutrientes e os ciclos da água e do carbono (Fonte).

Ecossistemas saudáveis e biodiversos sustentam esses serviços e, portanto, nossa sobrevivência. No entanto, nossa relação desarticulada com a natureza obrigou a sociedade a considerar os recursos naturais como ferramentas dispensáveis em vez de elementos essenciais. 

A atividade humana alterou significativamente a maioria dos ecossistemas terrestres e marinhos em todo o mundo, resultando na perda de cerca de 83% dos mamíferos selvagens e 50% das espécies de plantas (Fonte). 

A abundância de insetos voadores também diminuiu drasticamente nas últimas décadas, colocando em risco as cadeias alimentares e os serviços de polinização (Fonte). Com esses rápidos declínios, estamos agora em meio à sexta extinção em massa da Terra – a primeira causada por seres humanos(Fonte).

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Como a perda de biodiversidade ameaça a sociedade

A poluição, a perda de habitat, as espécies invasoras, a superexploração e as mudanças climáticas são as principais pressões que alimentam a perda de biodiversidade(Fonte). Embora não seja sentida de maneira uniforme em todas as regiões, a perda da biodiversidade global está desestabilizando a produção de alimentos, reduzindo a resiliência climática, ameaçando a saúde humana e limitando a capacidade do planeta de combater as mudanças climáticas.

Desestabiliza a produção de alimentos

A alteração de habitats e a adoção de práticas não sustentáveis de gestão da terra podem privar uma região de sua biodiversidade, prejudicando a capacidade da região de prover alimentos para as pessoas, a vida selvagem e a sociedade. 

Por exemplo, a perda de biodiversidade por meio do desmatamento, especialmente a conversão de florestas tropicais em terras agrícolas, ameaça as comunidades locais. 

Em épocas de escassez de safras ou de recessão econômica, essas comunidades vulneráveis dependem muito da robusta biodiversidade vegetal para obter alimentos e renda (Fonte). 

O desmatamento pode levar à erosão do solo, à infertilidade do solo e à desertificação, uma vez que a reviravolta causa distúrbios extremos nos ecossistemas do solo (Fonte). Isso dificulta a manutenção da produtividade das culturas a longo prazo e inibe a recuperação da floresta. À medida que a biodiversidade diminui, o mesmo acontece com a diversidade genética que cria resiliência e nutre o solo, tornando os seres humanos mais vulneráveis às ameaças de insegurança alimentar e infertilidade da terra.

Reduz a resistência climática

Além de fornecer alimentos, a natureza serve como um amortecedor contra desastres naturais, como a intensificação de tempestades e o aumento das marés. Estudos indicam que as áreas úmidas no nordeste dos EUA evitaram US$ 625 milhões em danos causados por enchentes durante o furacão Sandy em 2012, absorvendo e direcionando o excesso de fluxo de água (Fonte). 

Da mesma forma, recifes saudáveis de corais, ostras, mexilhões e outras espécies aquáticas amortecem a energia das ondas, reduzindo o impacto das tempestades nas comunidades costeiras. Um relatório de 2021 estima que os recifes de coral dos EUA ajudam a evitar mais de US$1,8 bilhão em danos causados por enchentes anualmente (Fonte). 

No entanto, os recifes de coral estão sendo ameaçados pela poluição, pesca excessiva, desenvolvimento costeiro insustentável e pelos efeitos das mudanças climáticas, incluindo o aumento da temperatura e da acidificação dos oceanos (Fonte). 

Os benefícios sociais e ambientais que os recifes naturais proporcionam devem incentivar sua preservação como um mecanismo natural para proteger a biodiversidade e o desenvolvimento urbano.

Ameaça a saúde humana

Além da resiliência climática, a natureza fornece recursos e sistemas que apoiam a saúde e o bem-estar humanos. Por exemplo, a perda da biodiversidade florestal diminui os recursos medicinais (Fonte). 

A medicina moderna obtém um quarto dos medicamentos de plantas das florestas tropicais (Fonte). Cerca de três quartos dos tratamentos contra o câncer são produzidos diretamente ou inspirados em plantas da natureza (Fonte). A perda de habitat não apenas limita os recursos medicinais, mas também diminui as oportunidades de novas descobertas médicas. Além disso, a biodiversidade pode servir como um amortecedor para impedir que os patógenos da vida selvagem se espalhem para os seres humanos (Fonte). 

Estudos mostram que a biodiversidade robusta diminui a disseminação da doença de Lyme (Fonte). À luz dessa pesquisa e da devastadora pandemia global da COVID-19, a preservação da biodiversidade é uma medida importante para proteger a saúde pública.

Diminui a eficácia dos sumidouros de carbono

A destruição contínua do habitat e a manipulação do ecossistema podem acelerar o ritmo das mudanças climáticas ao inibir a capacidade da natureza de servir como sumidouro de carbono. 

Por exemplo, o aumento das concentrações de plástico no oceano pode diminuir a atividade fotossintética do fitoplâncton nas águas superficiais (Fonte). Isso deixa mais dióxido de carbono na atmosfera, contribuindo ainda mais para o efeito estufa que aquece o planeta. 

Além disso, aproximadamente um quarto das emissões de GEE (gases de efeito estufa) é proveniente da perda de carbono do solo devido à conversão de terras e às práticas inadequadas de gerenciamento de terras. Atualmente, os solos absorvem cerca de 25% de todas as emissões de combustíveis fósseis a cada ano, mas retêm menos da metade do carbono que tinham antes das práticas antropogênicas de gestão da terra (Fonte). 

As áreas úmidas armazenam de 20 a 30% do carbono estimado do solo global, apesar de cobrirem apenas 5 a 8% da superfície da Terra (Fonte). No entanto, as zonas úmidas estão desaparecendo três vezes mais rápido do que as florestas (Fonte). Proteger esses ecossistemas e incorporá-los ao planejamento e desenvolvimento urbano é fundamental para mitigar o risco climático e fortalecer a resiliência. 

Por fim, climas mais quentes levam a temperaturas mais quentes do solo que promovem o aumento da atividade microbiana. Isso resulta em maiores quantidades de dióxido de carbono liberadas na atmosfera por meio da respiração microbiana (Fonte). Assim, a perda da natureza e da biodiversidade está exacerbando a mudança climática, comprovando a conexão entre essas questões críticas.

Conclusão

Como setor e sociedade, há imensas oportunidades para evitar os piores efeitos da perda de biodiversidade e das mudanças climáticas. 

Se cultivados adequadamente, os sistemas naturais têm o potencial de sequestrar até 37% das emissões necessárias para manter a mudança climática global abaixo do limite de 2°C em relação aos níveis pré-industriais (Fonte). Considerando que o ambiente construído é responsável por 40% das emissões de carbono em todo o mundo, as soluções naturais devem ser o foco principal do setor de CRE no futuro (Fonte). 

Em seu documento SBTs for Nature Initial Guidance for Business, a Science Based Targets Network afirma: “Sem ações para deter e reverter a perda da natureza, as projeções de crescimento econômico e as visões de uma vida melhor são impossíveis. O Fórum Econômico Mundial enfatiza esse ponto em seu relatório de 2020, declarando que “Não há futuro para os negócios como sempre”.

A necessidade de ação imediata está fazendo com que as estruturas de relatórios, os investidores e as partes interessadas dêem maior ênfase à materialidade da biodiversidade. 

O Estúdio Letti trabalha para oferecer aos nossos clientes análises e estratégias para mitigar o aquecimento global e criar espaços que diminuam o impacto dos futuros edifícios na biodiversidade local. 

Entre em contato conosco para saber mais sobre como nossos serviços podem colaborar com as políticas de ESG e na redução da perda de biodiversidade.

 

Infraestruturas Verdes: Um investimento estratégico

Esse artigo sobre infraestruturas verdes é uma tradução livre do artigo “Green infrastructure: A strategic investment for climate resilience”, para acessar o original, clique aqui

 

No dia 8 de agosto de 2023, a cidade costeira de Lahaina, no Havaí, foi tragicamente varrida do mapa por um incêndio florestal que ceifou a vida a cerca de 100 pessoas. 

Numa sequência espantosa de acontecimentos, que se desenrolaram em apenas algumas horas, o incêndio incinerou mais de 2000 edifícios e 1000 empresas, destruindo as vidas dos 13.000 residentes permanentes de Lahaina. O incêndio causou danos estimados em 5,5 bilhões de dólares e é o incêndio mais mortífero dos EUA desde 1881.

À medida que o nosso planeta aquece e os impactos das alterações climáticas se intensificam, estes incêndios florestais estão se tornando mais comuns. Entre 1984 e 2015, os Estados Unidos registaram uma duplicação do número de grandes incêndios florestais no Oeste, devido ao calor e à seca induzidos pelas alterações climáticas, segundo dados da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA).

No entanto, há um fator vital que é frequentemente subestimado: o papel das infraestruturas verdes na atenuação dos impactos e na criação de resiliência face aos riscos climáticos. 

Embora as alterações climáticas tenham exacerbado o incêndio de Lahaina, a maior parte dos danos ocorreu devido às gramíneas não nativas, altamente inflamáveis, que crescem nas plantações de cana-de-açúcar abandonadas em redor da cidade. Estas gramíneas cobrem 25% do Havaí e aumentaram drasticamente a frequência, a propagação e a gravidade dos incêndios florestais no estado.

Os cientistas e políticos locais estavam conscientes desta questão, tendo o Governador do Havaí, Josh Green, alertado, apenas sete meses antes do incêndio de Lahaina, a necessidade urgente de um financiamento adequado para a gestão das terras.

Uma das principais questões que se coloca quando procuramos aprender com esta tragédia é: como podemos dar prioridade às infraestruturas verdes para salvar vidas, estruturas e economias de futuras devastações?

Neste artigo, aprofundamos a importância da infraestrutura verde para a resiliência climática no ambiente construído. Nos concentramos nos benefícios da infraestrutura verde para a resiliência climática, nos co-benefícios importantes, nas barreiras para conseguir financiamento e mais conhecimento e nas orientações para o setor imobiliário comercial.

 

O poder das infraestruturas verdes para a resiliência climática no ambiente construído

À medida que enfrentamos os desafios impostos pelas mudanças climáticas e nos preparamos para eventos climáticos mais extremos, devemos reconhecer a infraestrutura verde como um aliado indispensável. 

Num artigo acadêmico de Choi et al. (2021), a infraestrutura verde é definida como “uma rede híbrida de características naturais, seminaturais e artificiais dentro, em redor e para além das áreas urbanas a todas as escalas, que é planejada e gerida para proporcionar múltiplos serviços e benefícios ecossistêmicos”. 

A Comissão Europeia utiliza uma definição semelhante: “Uma rede estrategicamente planejada de áreas naturais e seminaturais com outras características ambientais, concebida e gerida para proporcionar uma vasta gama de serviços ecossistêmicos, aumentando simultaneamente a biodiversidade”. Ambas as definições vão ao cerne do conceito, tornando claro que uma combinação bem pensada de sistemas naturais e artificiais proporciona benefícios reais ao ambiente construído.

No setor imobiliário comercial, a infraestrutura verde é uma ferramenta familiar para gestão das águas pluviais e atenuação da ameaça crescente de inundações. À medida que as alterações climáticas conduzem a inundações mais frequentes e graves, a importância das árvores, da vegetação e das soluções de engenharia ambiental, como os jardins de chuva, continua a aumentar.

Nos últimos anos, o conceito de “cidades esponjas” ganhou força como movimento e prática global. A abordagem centra-se no aproveitamento das qualidades de esponja das infraestruturas verdes para combater as inundações urbanas relacionadas com o clima.

Em Nova Orleans, as estratégias verdes de gestão das águas pluviais têm sido um componente essencial para melhorar a resiliência climática. Como parte da recuperação da cidade das inundações desastrosas que se seguiram ao furacão Katrina em 2005, os residentes e as organizações comunitárias abriram caminho para a criação de infraestruturas verdes que aliviam a pressão sobre as tubulações, bombas e outras infraestruturas de esgoto envelhecidas da cidade durante as tempestades.

Um grupo de organizações comunitárias informou no início de 2023 que os seus projetos de infraestruturas verdes concluídos desde 2013 proporcionam agora quase 6 milhões de dólares americanos em benefícios de regulagem das inundações para as comunidades anualmente, aumentando quase 760.000 litros (760 m³) de capacidade de retenção de águas pluviais.

A infraestrutura verde também pode ser utilizada para descrever os benefícios e serviços que os ecossistemas naturais proporcionam à escala comunitária ou regional (por exemplo, florestas e zonas húmidas). Alguns dos ecossistemas mais poderosos para a adaptação às alterações climáticas incluem florestas, rios e planícies aluviais, lagos e zonas húmidas, dunas de areia e espaços verdes urbanos. Muitos destes ecossistemas possuem também um bom aproveitamento no sequestro de carbono (ou seja, na atenuação das alterações climáticas), sendo a tundra, os prados de algas marinhas, os manguezais e os pântanos salgados os que contêm as maiores reservas de carbono.

Consideremos os manguezais e os ecossistemas costeiros de árvores e arbustos, que não só absorvem carbono, como também atuam como um amortecedor natural entre as tempestades tropicais e as comunidades costeiras. Com uma estrutura aérea de raízes e copas, os manguezais ajudam a evitar danos causados pelas cheias e pelo vento, reduzindo a intensidade das ondas, absorvendo o excesso de água e diminuindo a velocidade do vento. 

Na Flórida, estima-se que os manguezais tenham proporcionado 1,5 bilhões de dólares em proteção contra as cheias provocadas pelo furacão Irma em 2017, reduzindo os danos materiais em cerca de 25% e protegendo mais de 600.000 pessoas.

Para fazer face ao risco crescente de incêndios florestais no Havaí, será fundamental adotar uma abordagem à escala regional das infraestruturas verdes. 

As orientações do Condado de Maui salientam a remoção de gramíneas invasoras e o restabelecimento de ecossistemas nativos, que apresentam naturalmente uma maior resistência ao fogo. Os investigadores estão também explorando a eficácia dos corta fogos verdes (ou faixas verdes) que se concentrariam em espécies nativas, inflamáveis e ricas em água, ajudando a evitar que os incêndios atinjam as zonas urbanas.

Em regiões propensas à seca, as infraestruturas verdes constituem uma defesa vital contra o calor extremo, a principal causa de mortes relacionadas com catástrofes naturais nos EUA. 

No verão passado, Phoenix registou um recorde de 31 dias consecutivos com temperaturas iguais ou superiores a 43°C, prevendo-se que as ondas de calor se agravem.

A Presidente da Câmara, Kate Gallego, salienta o papel crucial das árvores no arrefecimento das ruas e na melhoria da facilidade de circulação. Phoenix tem planos ambiciosos para plantar 20.000 árvores em 25 bairros até 2030, com o objetivo de obter uma cobertura arbórea equitativa em toda a cidade.

Co-benefícios das infraestruturas verdes

Ao contrário da infraestrutura cinza, a natureza viva, crescente e regenerativa da infraestrutura verde abre caminho para uma ampla gama de vantagens além da resiliência climática. Numa revisão de 2021, os investigadores efetuaram uma análise exaustiva dos vários benefícios climáticos da infraestrutura verde e das suas ligações a diferentes co-benefícios. 

A partir desta análise, podemos ver que os co-benefícios da infraestrutura verde abrangem os três pilares da sustentabilidade: ambiental, social e económico. Os co-benefícios ambientais, como a melhoria da resiliência dos ecossistemas, são complementados por benefícios sociais e econômicos relacionados com a qualidade do ar, a saúde e o bem-estar, a estética, a recreação e os custos de gestão dos edifícios.

O “armazenamento e sequestro de carbono” e a “redução do consumo de energia” destacam-se como co-benefícios notáveis das infraestrutura verdes, especialmente no que diz respeito às árvores e florestas. Isto representa uma oportunidade única para as empresas imobiliárias que se esforçam por cumprir os objetivos de emissões de gases de efeito estufa, uma vez que os investimentos em infraestruturas verdes podem criar sinergias entre os objetivos de atenuação do clima, adaptação ao clima e redução de custos. Além disso, alinham-se com objetivos relacionados com a conservação da biodiversidade, o bem-estar dos funcionários e o aumento do valor dos imóveis.

Obstáculos ao financiamento e ao conhecimento

À parte destas sinergias, o financiamento é limitado à escala mundial para apoiar projetos de infraestrutura verdes para a adaptação às alterações climáticas. No contexto do financiamento climático, a terminologia predominante é “soluções baseadas na natureza”, que é um conceito semelhante ao de infraestrutura verde. 

Em 2018 (as estatísticas mais recentes que conseguimos localizar), cerca de 3,8 a 8,7 bilhões de dólares foram investidos em “soluções baseadas na natureza para adaptação”, o que representou apenas 0,6 a 1,4 por cento do total dos fluxos de financiamento climático nesse ano. 

O financiamento privado é especialmente limitado, representando apenas 14% do investimento em soluções baseadas na natureza, em comparação com 86 por cento do financiamento público.

Uma das principais razões para este déficit de financiamento resulta da falta de conhecimentos na avaliação dos custos e benefícios das infraestrutura verdes em comparação com as alternativas de infraestrutura cinzentas. Muitas ferramentas e metodologias de avaliação centram-se nos custos iniciais de construção ao escolher entre abordagens cinzentas e verdes, ignorando assim o ciclo de vida a longo prazo de cada investimento. A infraestrutura verde tem sido bem estudada em termos do seu desempenho biogeofísico, mas a pesquisa está mais atrasada no que diz respeito à contabilização dos benefícios sociais e econômicos, especialmente para projetos de menor escala.

No entanto, novos quadros para integrar de forma mais abrangente as vantagens econômicas da infraestrutura verde nos processos de tomada de decisão estão surgindo. 

Por exemplo, resultados recentes de 2021, que utilizaram a Ferramenta de Avaliação de Ativos Sustentáveis (ferramenta SAVi) desenvolvida pelo Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável, revelam que a infraestrutura verde pode ser até 50% menos dispendiosa do que a infraestrutura cinzenta, ao mesmo tempo que proporciona quase 30% mais valor a longo prazo.

Olhando para o futuro, é importante não deixar que a complexidade da valorização da natureza impeça a adoção de mais infraestruturas verdes. As lições retiradas de catástrofes como o incêndio de Lahaina sublinham o verdadeiro valor das infraestruturas verdes. Muitas vezes, essas lições só se tornam evidentes após a ocorrência de uma catástrofe, quando os danos já foram feitos.

Em retrospectiva, o argumento econômico a favor das infraestruturas ecológicas no Havaí é extremamente evidente. O climatologista da Universidade do Havaí, Camillo Mora, refere que a gestão das gramíneas invasoras, que desempenharam um papel na devastação de Lahaina, poderá ultrapassar bilhões de dólares em custos. 

Este valor é quase 20 vezes superior aos 49 milhões de dólares de financiamento estatal e federal atribuídos este ano à conservação dos recursos naturais e à proteção contra incêndios no Havaí. No entanto, esta despesa é insignificante quando comparada com os 5,5 bilhões de dólares necessários apenas para a reconstrução de Lahaina, uma das muitas comunidades havaianas em risco de incêndios florestais.

Conclusões para o setor imobiliário comercial

Desde a instalação de telhados verdes até à recuperação dos ecossistemas locais, as infraestruturas verdes oferecem aos proprietários de imóveis uma gama de soluções versáteis e rentáveis para atenuar proativamente os riscos financeiros relacionados com o clima (por exemplo, danos físicos nos ativos, interrupção das operações comerciais e aumento dos prêmios de seguro).

Para proteger as propriedades e os ocupantes do agravamento dos impactos climáticos, os proprietários devem começar com uma avaliação de resiliência para avaliar a vulnerabilidade aos riscos climáticos e identificar as estratégias de infraestruturas verdes mais eficazes para a adaptação às alterações climáticas. Estas estratégias podem consistir na plantação de árvores de sombra para combater o calor extremo ou na instalação de jardins de chuva para atenuar as inundações.

Além disso, é crucial criar um argumento comercial convincente para os projetos de infraestruturas verdes. Estes projetos devem ser avaliados em termos dos seus custos de instalação a curto prazo, bem como dos co-benefícios ambientais, sociais e econômicos adicionais a longo prazo.

Para o setor imobiliário comercial, um benefício significativo da infraestrutura verde é a melhoria da saúde e do bem-estar, uma vez que a proximidade com a natureza pode aumentar a criatividade, o relaxamento e a produtividade dos ocupantes do edifício. Além disso, o impacto positivo da natureza na saúde humana e na estética pode traduzir-se em valores de propriedade e renda mais elevados. Por exemplo, o complexo de apartamentos 888 Hope da CIM em Los Angeles exala ecologia urbana com os seus parques privados – uma caraterística que se tornou um ponto de venda fundamental para a comunidade.

infraestruturas verdes - 888 Grand Hope Park
888 no Grand Hope Park – Los Angeles

Para ajudar no planeamento de soluções de infraestrutura verde no seu portfólio, recomendamos que entre em contato conosco através deste link para ajudarmos a aplicar os conceitos e boas práticas descritas pelas normas de sustentabilidade. 

Alguns recursos que vale a pena rever incluem o U.S. EPA’s Green Infrastructure Cost Benefit Resources, o relatório de 2017 do Urban Land Institute “Harvesting the Value of Water: Stormwater, Green Infrastructure, and Real Estate”, e o relatório de 2013 do Natural Resource Defense Council “The Green Edge: How Commercial Property Investment in Green Infrastructure Creates Value”.

 

Quais são as tendências de sustentabilidade para 2024?

O panorama da sustentabilidade está prestes a mudar. Os efeitos das mudanças climáticas ficaram mais evidentes em 2023, o ano mais quente já registrado, que infelizmente ficou marcado por muitas tragédias como enchentes, incêndios, tempestades e outros fenômenos naturais.

Esse cenário fez com que a atenção às práticas sustentáveis ganhassem uma urgência sem precedentes, que promete ser um divisor de águas sobre políticas globais e alterações regulamentares. O tempo está passando e temos muito o que fazer para evitar crises ambientais de consequências catastróficas

As tendências de sustentabilidade abaixo foram indicadas por especialistas no assunto, em um artigo publicado pela Economist Impact. Vamos conferir quais são.

Divulgação total

A divulgação das informações que envolvem sustentabilidade está no topo da lista de tendências de sustentabilidade. 

Neste ano, entraram em vigor novas normas que envolvem esse quesito. As mais importantes são a Diretiva União Europeia, relativa aos relatórios de sustentabilidade das empresas (CSRD – Corporate Sustainability Reporting Directive), a Diretiva da UE relativa à diligência devida em matéria de sustentabilidade das empresas (CSDDD – Corporate Sustainability Due Diligence Directive) e as futuras normas da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC – U.S. Securities and Exchange Commission). 

De acordo com Peter Bakker, presidente do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD – World Business Council for Sustainable Development ), as empresas europeias estão sobretudo concentradas na divulgação de informações conforme os requisitos da CSRD. 

Uma preocupação apresentada por Peter é que as empresas se apeguem muito ao cumprimento da norma, mas não ao contexto que ele representa. Não quer que as empresas divulguem só por divulgar, mas que utilizem a divulgação na sua estratégia de atuação, promovendo assim mudanças realmente efetivas. 

Para ele, é importante que empresas sejam recompensadas pelos progressos realizados e não só pela apresentação de relatórios. É importante que exista um alinhamento entre novas práticas e expectativa do mercado financeiro, para que a transição para um mundo sustentável ocorra na velocidade que o planeta necessita. 

Mark Lee, sócio e diretor da ERM, uma empresa de consultoria em sustentabilidade, concorda que é necessário dar mais ênfase à responsabilização e à mudança, em vez de se limitar à apresentação de relatórios.

“Melhoramos muito na transmissão do que estamos fazendo, mas sem mudar muito – as emissões continuam a aumentar, o desmatamento está acelerando”, afirma. Ele prevê que a pressão sobre as empresas passará do fornecimento de dados para a sua entrega. 

Para Tom Beagent, sócio da área de sustentabilidade da PwC, os requisitos de divulgação irão forçar uma qualidade de entrega. Como exemplo, cita os planos de transição climática das empresas, que descrevem a forma como uma organização irá alinhar os ativos, as operações e os modelos de negócio com a ciência climática moderna. 

Um estudo realizado pelo CDP no ano passado, revelou que, embora muitas empresas tivessem planos de emissões líquidas nulas, apenas 7% tinham uma estratégia condizente para concretizar suas metas.

“Já não é suficiente ter apenas um compromisso de emissões líquidas nulas, é necessário dar confiança de que se sabe como o atingir”, afirma.

A natureza avança

Os relatórios sobre o clima estão mais completos e indicam que mudanças devem ser feitas com urgência. Além de diagnósticos mais completos, tivemos no ano passado grandes amostras de como as mudanças climáticas afetam tudo, inclusive a economia e resultado das empresas. 

Esse cenário tem trazido uma maior reflexão sobre o tema e aumentado o debate sobre a natureza na agenda das empresas. 

Em setembro do ano passado,  a Task Force for Nature-Related Financial Disclosures (TNFD) divulgou as suas recomendações finais para permitir às empresas avaliar, divulgar e gerir os riscos e impactos relacionados com a natureza, de modo a que os dados das empresas sejam comparáveis.

No entanto, apesar de a natureza ser cada vez mais uma prioridade para as equipes de sustentabilidade das empresas, especialmente no período que antecede a COP16 na Colômbia, os especialistas prevêem que muitas empresas ainda terão a pauta como secundária.

Mark Lee acredita que, embora a agenda sobre a divulgação de informações pelas empresas tenha acelerado e sido formalizada nos últimos anos, irá agora estabilizar temporariamente. 

Ele dá o exemplo de um cliente que precisa quase duplicar o número de pontos de dados sobre os quais apresenta relatórios em apenas um ano. Além disso, estes têm de ser assegurados de uma forma que não era exigida anteriormente, necessitando envolvimento e aprovação das equipes jurídicas e financeiras.

“As pessoas querem abraçar o trabalho relacionado com a natureza e vêem os seus investimentos na natureza como essenciais para avançar no domínio do clima. Mas a atual onda de regulamentação vai necessariamente colocar uma pausa nas margens voluntárias da divulgação e em outros trabalhos de sustentabilidade”, afirma Lee. 

Bakker, do WBCSD, afirma que, embora muitas empresas concordem com a ideia de se tornarem “positivas em relação à natureza”, muitas têm dificuldade em saber o que isso significa na prática. Em 2024, haverá muito trabalho para compreender melhor esta questão, prevê. “Nem todas as empresas têm os mesmos impactos na natureza. Quais são os caminhos para uma natureza positiva? Como é que se mede a materialidade?”, afirma.

Adaptação em alta

Além do ano mais quente da história, tivemos a década mais quente já registrada. O ritmo das alterações climáticas está acelerando a um ritmo alarmante.

Neste contexto, e na sequência de relatórios de cientistas das Nações Unidas indicam que os  atuais esforços globais são insuficientes para atingir o objetivo internacional de limitar o aquecimento a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais. 

Essa calamidade provavelmente vai obrigar que as empresas intensifiquem os seus esforços de adaptação ao clima.  Essa tendência de sustentabilidade promete ser bem acelerada.

“Os primeiros anos de divulgação de informações sobre o clima no âmbito do TCFD e a análise que lhe está subjacente irão destacar os desafios e as ações necessárias. Os impactos climáticos estão surgindo mais rapidamente do que o esperado, pelo que a gestão está mais concentrada no que é necessário fazer para se adaptar”, afirma.

O aumento da resiliência nas cadeias de abastecimento está ganhando destaque à medida que as empresas compreendem melhor como os diferentes cenários de aquecimento afetarão as suas atividades, acrescenta Tom Beagent. 

Mark Lee entende que as empresas estão tornando-se muito mais conscientes dos riscos físicos associados às alterações climáticas, especialmente em relação à proteção contra inundações e à manutenção do acesso à água para as cadeias de abastecimento.

“Estamos desenvolvendo um enorme volume de trabalho em matéria de risco físico em toda a nossa base de clientes, parte do qual está sendo possibilitado pelo que podemos ver utilizando dados de satélite e geoespaciais para avaliar antecipadamente o local onde ativos como uma linha de transmissão podem ir. Estamos assistindo um real aumento da procura deste tipo de pré-análise para dar às pessoas maior confiança nos investimentos em infra-estruturas”, afirma. 

De acordo com o Beagent, as empresas estão começando 2024 com uma quantidade significativa de trabalho em todas as áreas da sustentabilidade, e muitas terão de desenvolver capacidades e competências para lidar com elas. “Nada disto vai ser fácil, mas estamos falando de alguns desafios bastante significativos que têm de ser ultrapassados. Estamos vendo estas regulamentações serem aprovadas porque não houve ação suficiente”, adverte.

Conclusão

Embora a regulamentação de qualquer prática por parte de governos federais, ou regionais, não seja bem vista pelo mercado ou pelas empresas, a União Europeia viu-se obrigada a regulamentar a divulgação e implementação de práticas sustentáveis, pois está vendo a velocidade com que as mudanças climáticas estão afetando a sua população.

No primeiro momento, esta regulamentação irá trazer transtornos e muita informação será divulgada somente para atender aos requisitos destas normativas, mas ao longo dos anos, nós do Estúdio Letti acreditamos que haverá um impacto positivo, pois as empresas irão, de forma natural, começar a colocar em prática o que estão divulgando e farão melhor do que as normativas federais requerem.

Como a União Europeia e os EUA geralmente estão na vanguarda da sustentabilidade, a tendência é que as regulamentações cheguem ao Brasil nos próximos anos, e a certificação LEED irá colaborar com o atendimento aos requisitos. 

Entre em contato conosco para saber mais sobre certificações de sustentabilidade e estar um passo à frente das regulamentações e por dentro das tendências que virão para ficar.

AVAC – As inovações revolucionárias em sistemas de ar-condicionado

Nos últimos anos, testemunhamos uma evolução notável no campo de Sistemas de Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado (AVAC). À medida que as preocupações ambientais e a busca por eficiência energética ganham destaque, as inovações nesse setor têm se multiplicado, prometendo não apenas conforto térmico, mas também sustentabilidade e economia. 

Neste artigo, exploraremos algumas das mais importantes inovações em AVAC que estão moldando o presente e o futuro.

Sensores Inteligentes e Automação

Uma das tendências mais marcantes é a integração de sensores inteligentes nos sistemas de AVAC. Esses dispositivos são capazes de monitorar continuamente as condições ambientais, ajustando automaticamente a temperatura e a ventilação para otimizar o conforto e minimizar o consumo de energia. 

Imagine um sistema que aprende com os padrões de ocupação, adaptando-se de forma inteligente às necessidades específicas de cada ambiente. Isso já é realidade nos sistemas de ar condicionados.

Refrigeração Magnética

A refrigeração magnética emerge como uma alternativa revolucionária aos métodos tradicionais. Essa tecnologia utiliza ímãs para criar mudanças na temperatura através do efeito magnetocalórico (ou magnéticocalórico – MCE), eliminando a necessidade de refrigerantes que podem aumentar o aquecimento global e danificar a camada de ozônio. Além de ser mais sustentável, a refrigeração magnética é mais eficiente, proporcionando uma refrigeração mais rápida e econômica.

avac magnético

Tecnologia de Resfriamento Radiante

Outra inovação notável é a tecnologia de resfriamento radiante, que utiliza painéis instalados no piso, paredes ou teto para transferir calor por radiação. Esse método oferece uma distribuição mais uniforme de temperatura, reduzindo a necessidade de grandes quantidades de ar condicionado e dutos. Além disso, o resfriamento radiante consome menos energia, resultando em benefícios econômicos e ambientais.

Sistemas Híbridos e Energias Renováveis

A combinação de sistemas de AVAC com fontes de energia renovável está transformando a maneira como pensamos sobre o consumo de energia. A integração de painéis solares, sistemas geotérmicos e outras fontes sustentáveis reduz a pegada de carbono desses sistemas, contribuindo para edifícios mais verdes e eficientes.

Conclusão

À medida que nos aproximamos de um futuro cada vez mais focado na sustentabilidade, as inovações em AVAC desempenham um papel crucial na criação de ambientes internos mais confortáveis com menor uso de energia. 

Sensores inteligentes, refrigeração magnética, resfriamento radiante e a integração de energias renováveis estão moldando uma nova era para esses sistemas, proporcionando não apenas inovação tecnológica, mas também uma abordagem mais responsável em relação ao meio ambiente. Estamos no limiar de uma revolução no conforto ambiental, onde a eficiência e a sustentabilidade se tornam sinônimos do bem-estar moderno.

Para mais informações sobre esse e outros sistemas sustentáveis, entre em contato conosco!

O que é Comissionamento de Sistemas?

Hoje vamos falar sobre Comissionamento de Sistemas, uma etapa muito importante quando falamos de projetos que envolvem sistemas elétricos, de automação, controle, e HVAC (aquecimento, ventilação e ar condicionado). 

Este processo detalhado visa garantir que todos os componentes do sistema funcionem em conjunto de maneira eficiente, atendendo a padrões rigorosos e requisitos específicos do cliente. 

Ao abordar aspectos técnicos, o comissionamento busca otimizar o desempenho operacional, reduzir riscos e fornecer uma base sólida para a manutenção contínua.

Fases do Comissionamento

O comissionamento de sistemas é um processo abrangente que geralmente envolve várias fases para garantir que um sistema complexo seja projetado, instalado e operado conforme as especificações e requisitos estabelecidos. Embora os detalhes exatos possam variar dependendo do tipo de sistema e do tipo de edifício, as fases comuns do comissionamento incluem:

Definição dos Requisitos de Projeto do Proprietário (RPP ou OPR – Owner Project Requirements)

Nesta etapa é onde o proprietário do edifício, em conjunto com a autoridade de comissionamento e a equipe de projeto, definem todos os requisitos técnicos do projeto, estabelecendo os objetivos do proprietário e a função e operação pretendidas para o edifício. Este documento será a base para todo o processo de comissionamento nas etapas de projeto, instalação, aceite, e decisões operacionais.

Verificação do Projeto

Antes mesmo da instalação física, a equipe de comissionamento revisa minuciosamente o projeto dos sistemas comissionados. Isso inclui a análise de desenhos, especificações técnicas e documentos relacionados. A verificação do projeto é crucial para garantir que todos os elementos estejam alinhados com as necessidades operacionais e os requisitos do cliente.

Instalação Física e Integração

A implementação prática do sistema é outra etapa crítica. Durante a instalação, os componentes individuais são colocados em seus locais designados, e a equipe de comissionamento supervisiona a integração desses elementos. Isso pode envolver a conexão de física e automação dos equipamentos, a instalação de sensores, atuadores e outros dispositivos, bem como a integração de softwares necessários para o controle do sistema.

Configuração e Programação

Uma vez que os componentes estão fisicamente instalados e integrados, a configuração e programação são realizadas. Isso inclui ajustar os parâmetros de cada componente para otimizar o desempenho global do sistema. A programação pode envolver a criação de lógicas de controle, definição de sequências de operação e a garantia de que todos os dispositivos respondam de maneira coordenada aos comandos do sistema.

Testes de Desempenho

Os testes de desempenho são uma fase crucial do comissionamento. Diversos testes são conduzidos para avaliar a capacidade do sistema de atender aos requisitos operacionais. Isso pode incluir testes de carga, testes de integração, testes de redundância (se aplicável) e simulações de situações adversas. A detecção e resolução de problemas nesta fase são fundamentais para evitar falhas futuras.

Documentação Detalhada

Cada etapa do comissionamento é documentada detalhadamente. Isso inclui registros de testes, listas de verificação, alterações feitas durante o processo e manuais de operação e manutenção. A documentação fornece um recurso valioso para os operadores do sistema e facilita a identificação rápida de problemas durante a fase de operação.

Importância dos Detalhes Técnicos no Comissionamento

Comissionamento de sistemas - homem planejando

Integração de Sistemas

Detalhes técnicos são fundamentais para garantir uma integração perfeita entre os diferentes componentes do sistema. Isso envolve a compreensão profunda das especificações de cada dispositivo, a fim de assegurar que interfaces de comunicação e protocolos de rede sejam configurados corretamente.

Otimização do Desempenho

A configuração fina dos parâmetros do sistema é um aspecto técnico crítico. Isso inclui ajustar controladores, definir curvas de resposta e garantir que cada componente esteja operando dentro de seus limites ideais. A otimização do desempenho resulta em eficiência energética, menor desgaste de equipamentos e resposta mais rápida a mudanças nas condições operacionais.

Resolução de Problemas

Detalhes técnicos também desempenham um papel vital na resolução de problemas. Durante os testes de desempenho, a equipe de comissionamento deve ser capaz de identificar e corrigir problemas relacionados a hardware, software, comunicação e qualquer outra área técnica. Isso requer conhecimentos aprofundados sobre os princípios de operação de cada componente do sistema.

Conformidade com Normas e Regulamentações

A conformidade com normas e regulamentações técnicas é uma consideração importante no comissionamento. Os detalhes técnicos incluem garantir que o sistema atenda a todas as normas relevantes, desde normas de segurança elétrica até requisitos específicos da indústria. Isso é essencial para a segurança operacional e para evitar possíveis implicações legais.

Desafios Técnicos no Comissionamento

Complexidade dos Sistemas

Sistemas modernos são cada vez mais complexos, envolvendo uma ampla gama de dispositivos e tecnologias. Lidar com essa complexidade requer uma compreensão profunda de diversos domínios técnicos, desde eletrônica até software de controle avançado.

Integração de Tecnologias Emergentes

A introdução de tecnologias emergentes, como IoT (Internet das Coisas) e machine learning, acrescenta novas camadas de complexidade ao comissionamento. Integrar essas tecnologias de maneira eficaz exige habilidades técnicas avançadas e uma compreensão profunda de como essas inovações interagem com o sistema.

Manutenção Preditiva

A tendência em direção à manutenção preditiva adiciona desafios técnicos ao comissionamento. Isso requer a implementação de sensores e sistemas de monitoramento que forneçam dados em tempo real sobre o estado dos componentes do sistema, exigindo uma abordagem técnica avançada para interpretar e agir com base nesses dados.

Conclusão

O comissionamento de sistemas é uma disciplina técnica fundamental para garantir a eficiência operacional e a confiabilidade de sistemas complexos. Detalhes técnicos desempenham um papel crucial em todas as fases do processo, desde a verificação do projeto até os testes de desempenho e a documentação final. Lidar com a complexidade dos sistemas modernos e integrar tecnologias emergentes são desafios que requerem uma abordagem técnica avançada, por isso é importante contratar profissionais com experiência comprovada.

O Estúdio Letti possui profissionais com mais de 10 anos de experiência em diversos tipos de projetos – data centers, indústrias farmacêuticas, edifícios de escritórios corporativos e fábricas, entre outros. Converse conosco sobre seu projeto, basta nos contatar através deste link.

Certificação LEED e a qualidade de vida e produtividade

Quando falamos de certificação LEED normalmente exaltamos o aspecto econômico e ambiental que os edifícios adquirem. Mas outro benefício que as mudanças propostas pela certificação oferecem é a qualidade de vida dos ocupantes. E isso traz consequências incríveis, que vamos ver neste artigo.

Mais produtividade

Além de se sentirem mais seguros e protegidos, os funcionários que trabalham em um edifício com certificação LEED são considerados mais felizes, mais saudáveis e mais produtivos. 

Isso não é impressão, é o resultado de um estudo realizado pela US Green Building Council. Seguindo os princípios fundamentais People, Planet and Profit (Social, Meio Ambiente e Economia), os edifícios com certificação LEED são concebidos e construídos para promover a saúde e o bem-estar geral das pessoas, deixando o mínimo de impacto negativo no ambiente. 

Qualidade do ar 

O mesmo estudo concluiu também que a qualidade do ar interior do seu ambiente de trabalho contribui para a satisfação dos seus empregados no trabalho e para a sua disposição geral durante o horário de expediente. 

Mais de 80% dos entrevistados afirmaram que o ar interno limpo contribui para a sua satisfação geral no local de trabalho. Esse mesmo percentual afirmou que esse benefício melhorou a sua saúde física e o seu conforto.

A qualidade do ar interior, comprovadamente melhora a função cognitiva e a concentração dos seus ocupantes. Os dados mostram que há um incremento significativo em áreas dos domínios funcionais: os níveis de atividade básica, aplicada e concentrada; foco nas tarefas; a resposta a crises; o uso correto de informações, a abordagem ampla e estratégica.

Além disso tudo, há um ganho significativo na qualidade do sono e uma redução de doenças respiratórias, como gripe e covid.

Iluminação natural e vista de qualidade

Os empregados também notaram que vista para o exterior e iluminação natural também podem aumentar a sua felicidade no escritório. Um outro estudo confirmou que a luz natural nos locais de trabalho melhora a produtividade e a saúde geral dos funcionários. 

Segundo a Northwestern Medicine e a Universidade de Illinois, os trabalhadores de escritório com maior exposição à luz no local de trabalho têm uma maior duração e melhor qualidade do sono e mais disposição para atividade física.

Os funcionários que possuem janelas no local de trabalho dormiram em média 46 minutos a mais por noite do que os funcionários que não tinham essa exposição à luz natural no ambiente de trabalho. Também houve uma tendência dos trabalhadores em escritórios com janelas terem mais atividade física do que aqueles sem janelas.

Se conectar visualmente com ambientes externos também é importante. Os ocupantes de edifícios que possuem vistas ao exterior enquanto realizam tarefas cotidianas, experimentam maior satisfação, atenção e produtividade.

As vistas externas que incorporam elementos naturais são mais atrativas e oferecem um melhor descanso visual. Trabalhadores sentados em frente a computadores, que frequentemente desenvolvem cansaço nos olhos ao olhar para suas telas por longos períodos, encontram alívio em vistas distantes e atraentes.

Em instalações de saúde, proporcionar aos pacientes vistas e acesso à natureza pode reduzir o tempo de permanência no hospital e diminuir o estresse, a depressão e o uso de medicamentos para dor.

Conclusão

A qualidade de vida dos funcionários deve sempre ser levada em conta no ambiente de trabalho. Além do aspecto humano, também reflete em produtividade e satisfação com a empresa, o que sempre gera bons resultados.

Caso queira falar mais sobre certificação LEED e seus benefícios, entre em contato conosco. Basta clicar aqui.