No dia 27 de junho de 2024 o governo brasileiro sancionou a Lei N° 14.904, que estabelece diretrizes para a criação de planos de adaptação à mudança do clima no Brasil, com o objetivo de reduzir a vulnerabilidade e exposição a riscos dos sistemas ambientais, sociais, econômicos e de infraestrutura.
Esses planos devem integrar a gestão de riscos climáticos nas políticas públicas e estratégias de desenvolvimento em todos os níveis (local, municipal, estadual, regional e nacional).
As diretrizes incluem a identificação de medidas para enfrentar desastres naturais, a gestão de risco climático, a integração entre estratégias de mitigação e adaptação, e a promoção de pesquisa e inovação para a adaptação. Além disso, os planos devem assegurar a implementação de estratégias prioritárias em infraestrutura urbana, nacional e baseada na natureza.
O plano nacional de adaptação, que faz parte do Plano Nacional sobre Mudança do Clima, deve ser formulado em cooperação com as três esferas da Federação e setores socioeconômicos, assegurando a participação social, especialmente dos mais vulneráveis.
Os planos estaduais, distritais e municipais podem ser financiados por recursos do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima e devem ser disponibilizados e atualizados na internet.
Por que a lei é importante?
Ela destaca a urgência e a complexidade dos desafios trazidos pelas mudanças climáticas e propõe realizar os seguintes pontos:
Redução da Vulnerabilidade e Risco
A lei visa reduzir a vulnerabilidade de comunidades, ecossistemas e infraestruturas às mudanças climáticas. Ao identificar e priorizar áreas e setores mais vulneráveis, a lei promove a criação de medidas específicas que protejam as populações e o meio ambiente dos impactos adversos do clima, como desastres naturais, seca, inundações e elevação do nível do mar.
Integração com Políticas Públicas
A lei estabelece que os planos de adaptação sejam integrados nas políticas públicas existentes em diferentes setores (saúde, infraestrutura, agricultura, entre outros). Isso assegura uma abordagem abrangente e coordenada, garantindo que todas as áreas da sociedade estejam preparadas para enfrentar as mudanças climáticas de maneira eficaz.
Apoio ao Desenvolvimento Sustentável
A lei promove a adaptação ao clima de forma a assegurar o desenvolvimento econômico sustentável, sem comprometer os recursos naturais. Ao fomentar a pesquisa, inovação e práticas sustentáveis, a lei ajuda a criar uma economia resiliente que se adapta às novas condições climáticas, ao mesmo tempo em que reduz as desigualdades sociais.
Cumprimento de Compromissos Internacionais
A lei alinha o Brasil aos compromissos internacionais assumidos no Acordo de Paris e outros tratados relacionados às mudanças climáticas. Isso fortalece a posição do país na cooperação global para enfrentar os desafios climáticos, contribuindo para a redução global das emissões de gases de efeito estufa e para a adaptação às novas condições climáticas.
Participação Social e Governança
A lei 14.904 garante a participação da sociedade civil, especialmente dos mais vulneráveis, na formulação e implementação dos planos de adaptação. Isso não só aumenta a eficácia das medidas adotadas, como também assegura que as vozes das comunidades mais afetadas sejam ouvidas e levadas em consideração.
Proteção e Resiliência das Infraestruturas
Ao incluir medidas específicas para infraestruturas críticas (como transportes, energia, comunicação e água), a lei garante que esses sistemas essenciais sejam capazes de resistir e se adaptar às mudanças climáticas, evitando colapsos que poderiam ter graves consequências econômicas e sociais.
Conclusão
Embora a lei 14.904 tenha boas intenções e ajude a estabelecer diretrizes para a elaboração de planos, ela peca ao não definir prazos para que as três esferas do poder (federal, estadual e municipal) criem esses planos, além de não estipular uma data limite para a sua implementação.
Por essa razão, o projeto de lei de 2021, aprovado com urgência logo após as inundações que afetaram o Rio Grande do Sul, pode parecer, à primeira vista, uma tentativa do Congresso Nacional de capitalizar politicamente em meio à dor de muitas famílias.
Contudo, a intenção de permitir que cada município e estado desenvolva planos adaptados às suas necessidades específicas é inegavelmente valiosa, assim como o incentivo à pesquisa e desenvolvimento de soluções eficazes. Apesar da ausência de prazos ser uma limitação, a lei pode servir como um importante ponto de partida.
Agora, é nossa responsabilidade, como empresas e profissionais da área, assumir a iniciativa. Este é o momento de exigir melhorias práticas, e as eleições municipais oferecem uma oportunidade para amplificar essa cobrança. Pressionar candidatos a vereadores e prefeitos para que se comprometam com metas claras de criação e implementação desses planos é essencial para garantir que a lei tenha um impacto real e duradouro, afetando positivamente o presente e o futuro da nossa sociedade.
Nosso papel como empresa é estar atentos a essas questões, compartilhar conteúdos relevantes e oferecer excelência em entregas que se relacionam diretamente com o tema. Para saber mais, entre em contato conosco pelo e-mail [email protected]. Juntos, podemos transformar essa oportunidade em ações concretas e positivas.