Ares-condicionados são a chave para uma eficaz redução de emissão de gases do efeito estufa. De forma direta podemos dizer isso sem duvidar, uma vez que já foram feitos diversos estudos sobre a questão e boa parte delas aponta o ar-condicionado como um dos grandes vetores de mudança para um edifício sustentável.
Nestes estudos, estima-se que a substituição dos ares-condicionados com tecnologia antiga reduziria a emissão de gases de efeito estufa em 90 bilhões de toneladas de CO2 até 2050. Tornar as unidades mais eficientes em termos de energia poderia dobrar esse número.
Só para se ter uma ideia, se metade da população mundial abandonasse a carne, geraria uma economia de 66 bilhões de toneladas de CO2. Já replantar dois terços das florestas tropicais degradadas economizaria 61 bilhões de toneladas. Um aumento de um terço nas viagens globais de bicicleta economizaria apenas 2,3 bilhões de toneladas. Ou ainda, segundo a Agência de Proteção Ambiental (EPA) do governo norte-americano, estima-se que um carro de passageiros típico, emite 4,6 toneladas de CO2 por ano, ou seja, seria como retirar 752 milhões de carros de circulação, ou a metade da frota mundial.
E todos os tópicos exemplificados, são normalmente os mais comentados quando se fala em mudanças climáticas. Ou seja, fica claro que o ar-condicionado é uma das grandes indústrias negligenciadas do mundo.
A invenção do ar-condicionado, junto com a do automóvel, revolucionou a forma como vivemos e trabalhamos. No entanto, ao contrário dos carros, que enfrentam críticas por seu impacto ambiental e social, o ar-condicionado recebeu pouca atenção nesse sentido.
Benefícios do ar-condicionado
É inegável que o ar-condicionado trouxe benefícios imensos à humanidade. Lee Kuan Yew, ex-primeiro-ministro de Cingapura, o chamou de “talvez uma das invenções mais importantes da história”. Ele impulsionou a produtividade em regiões tropicais, contribuiu para a industrialização do sul da China e, na Europa, reduziu drasticamente as mortes relacionadas ao calor. Nas escolas, salas de aula climatizadas estão associadas a um melhor desempenho dos alunos.
Desafios da climatização tradicional
Apesar dos seus benefícios, o ar-condicionado também apresenta desafios. Se continuarmos com os modelos tradicionais, a proliferação desses aparelhos, prevista para os próximos 10 anos, trará consequências graves. As emissões de gases de efeito estufa aumentarão consideravelmente, intensificando o aquecimento global.
Para enfrentar essa missão, entre 2018 e 2021, o Global Cooling Prize ofereceu um prêmio de US$ 1 milhão para quem resolvesse o problema de emissões de gases vindas do ar-condicionado.
Essa iniciativa foi patrocinada por diversos aliados: o Departamento de Ciência e Tecnologia da Índia (onde a batalha aconteceu), o Rocky Mountain Institute (RMI), uma coalizão de 24 países, e Richard Branson, o lendário fundador e CEO do Virgin Group.
Foi uma competição promissora, que reuniu 139 inscrições técnicas de 31 países. O projeto vencedor veio da Gree. O projeto se destacou por apresentar o resfriamento “Zero Carbon Source” que utiliza, de forma eficiente, fontes de energia renováveis e fontes de resfriamento gratuito, como o ar e a água. Através dessa tecnologia o aparelho pode operar em diferentes modos como a refrigeração por compressão de vapor, o resfriamento evaporativo e a ventilação, dependendo das diferentes condições climáticas.
Dessa forma é possível reduzir a carga elétrica do ar-condicionado e fornecer uma solução de climatização confortável e com maior economia de energia para o ambiente interno. De acordo com o organizador, se esta tecnologia for amplamente promovida e adotada, ela poderia evitar o equivalente a 132 bilhões de tonelada de emissões de CO2 até 2050 e ajudar o mundo a amenizar em até 0,5 °C do aquecimento global até 2100, ao mesmo tempo em que melhora os padrões de vida das pessoas em ambientes de clima quente e úmido.
Esse foi um grande passo para a mudança.
O Relatório de Emissões de Refrigeração e Síntese de Políticas, publicado pela ONU e pela Agência Internacional de Energia (IEA) em 2020, revelou a magnitude do desafio: reduzir a produção e o uso desses gases em 85% poderia evitar um aumento de 0,4°C na temperatura global até 2100.
Motivados por essa missão crucial, 130 países se uniram na Emenda de Kigali ao Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio, assumindo o compromisso de enfrentar esse inimigo climático.
Soluções para uma climatização sustentável
A jornada pela refrigeração sustentável ainda está em andamento, mas a competição da Global Cooling representou um marco importante na luta contra as mudanças climáticas.
Para garantir o conforto sem comprometer o planeta, é necessário repensar a forma como utilizamos o ar-condicionado.
Três medidas cruciais são:
- Design inteligente:
- Arquitetura bioclimática: Projetar edifícios com recursos como beirais, varandas e ventilação natural, reduzindo a necessidade de ar-condicionado artificial.
- Telhados brancos: Implementar essa prática simples, porém eficaz, que ajuda a refletir o calor e diminuir a temperatura interna dos ambientes.
- Eficiência energética:
- Aparelhos mais eficientes: Adotar modelos que consomem menos energia, como os que utilizam até um terço da eletricidade dos modelos tradicionais.
- Normas mais rigorosas: Implementar e elevar padrões mínimos de desempenho energético em todos os países.
- Refrigerantes ecológicos:
- Eliminar hidrofluorocarbonetos (HFC): Substituir esses refrigerantes nocivos ao meio ambiente por alternativas mais sustentáveis.
- Ratificar a Emenda de Kigali: Apoiar e cobrar a implementação desse acordo internacional que visa eliminar os hidrofluorocarbonetos.
Conclusão
O uso de ar-condicionado no ambiente construído, seja residencial, profissional ou industrial é uma realidade, pois melhora a qualidade de vida das pessoas, ao mesmo tempo que ajuda na produtividade e desenvolvimento da sociedade.
No entanto, projetar um edifício sem pensar na redução da necessidade do ar-condicionado, sem levar em considerações estratégias bioclimáticas ou de orientação, ou utilizar a tecnologia mais barata, ou sem dimensionamento adequado, vai sair caro para o quem for pagar a conta de luz e, para o planeta, para nossos filhos e netos.
Portanto, é muito importante que os arquitetos se associem com escritórios de engenharia para analisar como seu projeto pode ser otimizado para diminuir a carga térmica e como essa diminuição, que também se traduz em redução de custo, pode ser aplicada para investir em sistemas mais eficientes, desta forma, reduzindo o impacto que o ar-condicionado tem na emissão de CO2 na atmosfera.
Entre em contato conosco para saber como podemos ajudá-los a estudar o melhor custo-benefício de sistemas de ar-condicionado e otimizar custo de investimento inicial, reduzir custo na conta de luz e reduzir as emissões de gases do efeito estufa.